O Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) registrou 38 diagnósticos de tuberculose em 2020, número 37% menor que os 60 casos registrados em 2019. A média de pacientes era 57 pessoas por ano antes da pandemia da Covid-19. Segunda a pneumologista do HSPE Maria Inês Valery, a queda está relacionada ao receio de contaminação pelo novo Coronavírus. “A demora na procura de assistência médica faz com que o paciente chegue com quadros mais graves da doença ao Hospital, o que impacta na eficácia do tratamento da tuberculose. Caso o paciente seja também diagnosticado com Covid-19, a doença pode evoluir de forma mais grave”, pontua a especialista Dra. Maria Inês.
As medidas de restrição de locomoção da pandemia da Covid-19 e a desinformação quanto à gravidade da tuberculose também têm influenciado as pessoas com a doença a demorar em procurar a assistência médica. Ao ignorar os sintomas comuns da doença, como tosse com persistência de duas semanas, escarro com sangue, febre, sudorese e perda de peso, o tuberculoso chega ao hospital em um quadro mais avançado da enfermidade.
A pneumologista Maria Inês explica que ao negligenciar os sintomas, a bactéria da tuberculose se torna mais agressiva ao organismo. “A tuberculose sem tratamento possibilita a transmissão da doença dentro das comunidades, o que aumenta o número de doentes. Isso é preocupante”, explica a médica.
O abandono do tratamento da tuberculose durante a pandemia também é uma preocupação da pneumologista. A equipe que trata as Doenças do Aparelho Respiratório (DAR) do HSPE tem acompanhado pacientes para evitar a interrupção da terapia medicamentosa. “A pausa do tratamento desencadeia quadros mais graves da doença e a torna mais difícil de curar. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as chances de cura e da enfermidade não deixar sequelas”, adiciona a Dra. Maria Inês que reforça a importância de procurar atendimento médico nos primeiros sintomas da doença.
