O que as bactérias do seu intestino, e o funcionamento da sua microbiota, podem dizer sobre sua saúde mental? Considerado como o nosso segundo cérebro, o sistema digestivo deixou de ser apenas um órgão que processa nosso alimento, mas passa a ser cada vez mais compreendido pela comunidade médica como parte importante no tratamento de diversas doenças, inclusive doenças mentais e do sistema imunológico.
Estima-se que existam cerca de 100 trilhões de bactérias no corpo de um adulto, 80% desse total está no intestino. De acordo com especialistas, as bactérias intestinais sintetizam inúmeras substâncias, como, por exemplo, hormônios e neurotransmissores que têm efeito no cérebro. Para se ter ideia, praticamente 90% de toda a serotonina, que atua na regulação do humor, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sensibilidade e funções cognitivas; e 50% de dopamina, responsável pelo controle motor, cognição, prazer, humor e algumas funções endócrinas estão presentes no intestino.
Sob esta ótica, os probióticos – microrganismos vivos que quando oferecidos em quantidades adequadas podem promover efeitos benéficos à saúde do indivíduo – prestam um grande auxílio para manter o equilíbrio da microbiota intestinal. E quando estes benefícios de equilíbrio e de promoção da saúde se estendem à saúde mental – e podem ser comprovados cientificamente -, temos os psicobióticos. Vários estudos internacionais reforçam que as bactérias do bem, em particular o Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175, quando ingeridos por 30 dias auxiliam na redução de sensações de estresse e ansiedade. Além disso, é crescente o número de publicações científicas que demonstram a relação entre a microbiota e diversos outros transtornos mentais.
“Os psicobióticos promovem modificações positivas na microbiota, havendo predominância de bactérias ‘boas’ em relação as bactérias ‘ruins’, gerando um ambiente de equilíbrio local. Neste estado de equilíbrio, que chamamos de eubiose, haverá uma sinalização positiva da microbiota para o cérebro através do eixo cérebro-intestino. Esta comunicação, ocorre especialmente através das vias neuroendócrina e imunológica, que transmitem ao cérebro informações sobre esta microbiota. Esta sinalização ocorre através da produção de diferentes substâncias como células pró-inflamatórias, hormônios, neurotransmissores, entre outros”, explica o Dr. Williams Santos Ramos, médico pediatra consultor da Apsen Farmacêutica.
Dr. Wiliams explica ainda que o psicobiótico é um suplemento alimentar e, como tal, pode ser utilizado pelos médicos como monoterapia ou como terapia adjuvante dependendo da avaliação clínica do paciente. “Os estudos com probióticos e, em especial, com psicobióticos, vem crescendo exponencialmente em diversas condições clínicas, permitindo ao médico mais uma opção dentro do seu arsenal terapêutico”, reforça.
Referências:
1 – www.endodebate.com.br/apsen-probian-monografia-cientifica
2- pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19481599
3- pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19481599
- Taylor & Amp; Francis online: www.tandfonline.com/doi/abs/10.4161/gmic.2.4.16108