A notícia da morte brutal do menino Henry Borel, de quatro anos, na cidade do Rio de Janeiro, tem chamado a atenção da população na mídia desde o dia 8 de março, quando o menino foi encontrado desmaiado no quarto onde dormia e chegou morto ao hospital com diversas lesões graves pelo corpo. Uma tragédia com mais dois personagens investigados como suspeitos do crime: a mãe de Henry e o padrasto da criança. Estamos vivendo um momento muito delicado, especialmente durante a pandemia, quando muitas famílias estão em isolamento social e muitos se perguntam o porquê de tanta crueldade.
Maus tratos é um problema de saúde pública, além de ser crime previsto no código penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. É obrigação das unidades de saúde, seja ela pública ou privada, atentar-se para os casos suspeitos de violência contra a criança.
“Por serem indivíduos praticamente indefesos, na maioria das vezes é muito difícil identificarmos os casos apenas através da história clínica, é necessário observar manchas suspeitas no corpo e o comportamento da criança durante o atendimento (normalmente inibição, pouca fala, sensação de intimidação, choro inconsolável)”, explica o Dr. Gabriel Farias da Cruz, gerente da unidade de terapia intensiva pediátrica do Hospital Icaraí e membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O médico ressalta ainda que um grande percentual dos casos não chega às unidades de saúde ou quando chegam são omitidos, já que na maioria das vezes esses atos são cometidos por pessoas da própria família.
“Os últimos acontecimentos tomaram uma proporção grande, por haver envolvimento de pessoas públicas, porém o desfecho foi o pior possível (em relação ao caso Henry), mas muitas outras crianças podem estar precisando de socorro urgente. Devemos proteger sempre as nossas crianças”, alerta o médico.
O caso
O caso refere-se ao assassinato do menino brasileiro Henry Borel Medeiros, de quatro anos, ocorrido no dia 8 de março de 2021, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. O menino foi assassinado no apartamento onde morava a mãe Monique Medeiros e o padrasto, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, mais conhecido como Dr. Jairinho (sem partido) filho do ex-deputado estadual Coronel Jairo.
A polícia começou a investigar o caso afim de saber se Henry morreu por acidente ou se ele foi vítima de violência, já que o laudo do IML apontou lesões graves no corpo da criança. Os peritos acreditam na hipótese de agressão, já que ele sofreu hemorragia interna e laceração hepática provocada por ação contundente. No final de março, 12 pessoas já tinham sido ouvidas como testemunhas, incluindo as três médicas pediatras que o atenderam no hospital. Elas afirmaram que o menino já chegou morto ao local.
O casal foi preso no dia 8 de abril, suspeito de atrapalhar as investigações e de ameaçar testemunhas para combinar versões, além de ter sido constatado pelos investigadores que Henry foi assassinado com emprego de tortura e sem chance de defesa da vítima.