Desde março de 2021, o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), em Curitiba (PR), assumiu a gestão do primeiro e único Banco de Multitecidos do Brasil. O banco tem como objetivo selecionar doadores, captar, processar e armazenar tecidos de procedência humana e disponibilizá-los para fins terapêuticos e científicos. O banco trabalha com tecidos cardiovascular, ocular, músculo esquelético e pele. Este último incorporado após a gestão do HUEM.
“O fato de possuirmos, em um mesmo local, a captação de diferentes tecidos humanos traz duas principais vantagens: permite um melhor processamento dos materiais coletados e facilita a conversa com a família do paciente que foi a óbito e será o doador dos órgãos”, explica o Dr. Leon Grupenmacher, diretor do Banco de Multitecidos do HUEM.
Com bancos de tecido atuando separados, a família pode ser abordada para doar as córneas para um banco de olhos e acaba deixando de doar outros órgãos que seriam importantes na captação de diversos tecidos que garantem a realização de transplantes.
Com funcionamento iniciado em abril, somente no mês de maio o Banco de Multitecidos do HUEM fez 20 captações de córnea. Em um mês, a estrutura garantiu que 20 pessoas saíssem da fila do transplante. “Antes de implantarmos nosso banco, este procedimento precisava ser feito em outras cidades do interior do estado”, ressalta Grupenmacher.
Bancos de olhos de Cascavel e Maringá estavam com dificuldade para atender toda a demanda por córneas no estado. Enquanto, para tecidos ósseos, os hospitais do Paraná estavam solicitando materiais de outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, para conseguir realizar cirurgias.
O Banco de Multitecidos do HUEM agiliza o atendimento em Curitiba e restante do estado. No caso de válvulas cardíacas, é a única unidade do país a fazer esse tipo de procedimento, portanto recebe doações de todo o Brasil. Todos os materiais captados e processados são fornecidos aos hospitais de acordo com a demanda da Central de Transplantes do Paraná.
Durante o mês de maio, o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie promoveu uma capacitação para uma turma de médicos cirurgiões se tornar apta a remover e processar os órgãos, com o objetivo de garantir o atendimento da alta demanda por tecidos humanos.
São médicos voluntários de diferentes hospitais, que após capacitados conseguem extrair os tecidos nas próprias instituições que atuam para em seguida enviá-las ao banco para que fiquem armazenadas em segurança.
O resultado final de um bom transplante depende de diversos fatores, desde a correta retirada e processamento destes tecidos. O Dr. Leon Grupenmacher destaca que a tendência é de aumento no número de transplantes após a pandemia, uma vez que muitos procedimentos não estão sendo realizados para que possam ser reservados leitos exclusivos para o tratamento de pacientes com Covid-19. “A demanda que já é alta deve ficar ainda maior. Ter esse material disponível no banco de tecidos é fundamental para estarmos preparados para atender a procura por transplantes”, conclui o diretor.