Fevereiro Laranja: fatores diversos contribuem para alta do número de casos

Há mais de uma dezena de tipos de leucemia, doença que acomete 10,8 mil pessoas a cada ano no Brasil e que causa perto de 7,3 mil óbitos. A campanha Fevereiro Laranja tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a leucemia e a importância da doação de medula óssea. Ocorre que apesar das ações de conscientização, a maior expectativa de vida da população brasileira contribuiu para um salto na quantidade total de casos da doença.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), nos últimos cinco anos houve aumento de quase 8% nos novos casos de leucemia. Em 2016, surgiram cerca de 10 mil e em 2021, 10,8 mil. A hematologista Camila Galati Araújo, do Centro de Oncologia Campinas (COC), observa que o sucesso dos tratamentos contra a leucemia está relacionado também à idade. Normalmente crianças e jovens respondem mais positivamente ao tratamento que os idosos, por diferentes razões.

“Há muitas questões envolvidas nessa resposta ao tratamento. Notamos mais casos de leucemia entre os idosos porque os brasileiros hoje vivem mais anos. A pessoa idosa, às vezes, não tolera muito bem as quimioterapias e medicações e precisamos entrar com tratamentos menos agressivos, que têm resposta diferente”, detalha. O Brasil ganhou 4,8 milhões de idosos desde 2012, superando a marca dos 30,2 milhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A leucemia ocupa a nona posição nos tipos de câncer mais comuns em homens e a 11ª em mulheres, segundo o Inca. A hematologista Camila Araújo reforça a importância de alertar sobre os sintomas da doença, mas também conscientizar a respeito das doações de medula óssea. “Boa parte dos doadores de medula é captada quando da doação de sangue. Ocorre que com a pandemia, o número de doadores de sangue diminuiu e, consequentemente, o de candidatos à doação de medula”, reforça. Ao contrário da maioria dos outros cânceres, os pacientes com leucemia não apresentam fatores de risco conhecidos que possam indicar uma conduta especial de rastreamento para diagnóstico precoce. Uma exceção é aberta à exposição a agentes presentes nos ambientes onde se vive ou se trabalha.

“A exposição ocupacional, de trabalhadores evolvidos com radiação, agrotóxicos e a outros agentes cancerígenos, é um importante fator de risco reconhecido cientificamente”, detalha, acrescentando que pacientes que trataram outros tipos de câncer com quimioterapia também apresentam risco aumentado para a leucemia.

A regra de hábitos saudáveis, porém, é determinante para a qualidade de vida de todos os indivíduos, lembra a médica. “Não há como estabelecer relação da leucemia com o estilo de vida, mas é sabido que aqueles que têm alimentação saudável, não fumantes, que praticam algum tipo de atividade física têm risco diminuído para doenças”.

Tipos

A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, que tem como característica o acúmulo de células doentes na medula óssea – uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre mutação genética que a transforma em uma célula cancerosa. A hematologista explica que a leucemia é bastante heterogênea. Pode ser crônica ou aguda – é a partir destes grupos que originam-se os subtipos. De acordo com o Inca, os quatro tipos primários são leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (CLL). “Cada subtipo é mais comum em uma determinada faixa etária da população”, observa.

A leucemia linfoide aguda, por exemplo, afeta células linfoides e grava-se de maneira rápida. É o tipo mais comum em crianças pequenas, mas também ocorre em adultos.  Já a Leucemia mieloide aguda afeta as células mieloides e também avança rapidamente. É comum a adultos e crianças, mas a incidência tende a crescer com o aumento da idade. No caso das leucemias crônicas, detalha a médica, alguns pacientes convivem com a doença durante muitos anos sem necessidade de nenhum tratamento; outros a controlam com medicamentos; enquanto uma parcela pode ser suscetível a ocorrências de subtipos mais agressivos. Os casos crônicos normalmente acometem os adultos.

Sinais

É falsa a ideia de que a anemia pode evoluir para algum tipo de leucemia, salienta Camila Araújo. “A anemia não vira leucemia. O diagnóstico das duas é feito de formas diferentes. Ambos começam com um hemograma, mas são necessários outros exames para confirmar o câncer”, reforça. Podem ser sintomas de leucemia gânglios linfáticos inchados, febre ou suores noturnos; perda de peso, fadiga excessiva, indisposição e sangramentos na gengiva, por exemplo.

Redação

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