Canabinoides no tratamento do transtorno do espectro autista: o que os médicos devem saber

No dia 29 de junho, às 19h30, acontece o webinar ‘Canabinoides no tratamento do transtorno do espectro autista (TEA). O que todos os médicos devem saber?’. Direcionado ao público médico e demais pessoas interessadas no tema, o evento online abordará as principais evidências do uso da cannabis medicinal no manejo de sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA). As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo link: www.sympla.com.br/canabinoides-no-tratamento-do-transtorno-do-espectro-autista-tea__1254726

Promovido pela Health Meds, indústria farmacêutica brasileira especializada na cannabis medicinal, a ação contará com a participação do Dr. Jair Luiz de Moraes, neuropediatra com vasta experiência no diagnóstico precoce do TEA; do Dr. Flávio Rezende, mestre e doutor em Neurologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Health Meds.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido popularmente como autismo, é uma condição que provoca problemas na comunicação, na socialização e no comportamento. Diagnosticado geralmente entre os dois e três anos de idade, atinge mais de 70 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com o Centers for Diseases Control and Prevention (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, em uma pesquisa realizada de dois em dois anos no País, existe hoje um caso de TEA a cada 54 crianças de oito anos. No Brasil, os dados ainda são muito limitados, mas informações do Censo Escolar mostram que o número de alunos com autismo que estão matriculados em classes comuns aumentou 37,27% entre os anos de 2017 e 2018.

O neuropediatra Jair Luiz de Moraes explica que o TEA envolve atrasos e comprometimentos do desenvolvimento, seja da linguagem ou no comportamento social. “Os sintomas podem ser emocionais, cognitivos, motores ou sensoriais. Desde os primeiros meses de vida, os sinais e sintomas já podem ser percebidos e as intervenções devem ser iniciadas de imediato. O diagnóstico definitivo, em geral é confirmado em idades variadas, baseado na evolução de cada caso. No entanto, muitas crianças ainda são diagnosticadas tardiamente, seja por desinformação ou resistência da família e dos médicos”, explica o Dr. Moraes.

O especialista lembra que existe uma série de diferentes manifestações do TEA, que têm em comum: maior ou menor limitação na comunicação, seja linguagem verbal e/ou não verbal; e comportamentos caracteristicamente estereotipados, repetitivos e com gama restrita de interesses. “O grau de gravidade varia desde pessoas que apresentam um quadro leve e com total independência e discretas dificuldades de adaptação, até aquelas que serão dependentes para as atividades de vida diárias, ao longo de toda a vida”, detalha Dr. Jair Luiz de Moraes.

Estudos com cannabis medicinal

Até o momento, o uso da cannabis medicinal para o manejo de sintomas de TEA se baseia em relatos de casos ou ensaios clínicos abertos, não controlados, e com número restrito de participantes. Seu objetivo principal tem sido para o tratamento das comorbidades, principalmente auto e heteroagressividade, hiperatividade, ansiedade e distúrbios do sono.

Uma publicação de outubro de 2019 do BMC Psychiatry, periódico que reúne artigos sobre transtornos psiquiátricos, apontou que existem três ensaios clínicos em larga escala e cinco estudos pequenos que avaliaram o uso de cannabis para autismo. Um destes estudos, realizado em Israel, avaliou a eficácia da cannabis rica em canabidiol em 60 crianças. A pesquisa constatou que 61% dos problemas comportamentais entre os participantes foram muito melhorados, segundo relatos dos pais. Também houve melhora nos níveis de ansiedade em 39% das crianças e 47% na comunicação.

“Tenho relatos no meu consultório de melhoras efetivas em relação as comorbidades em pacientes com TEA, imediatamente após a troca da medicação convencional, que muitas vezes provocam diversos efeitos colaterais”, reforça o neuropediatra, que desde 2019 passou a adotar produtos à base de cannabis em suas prescrições.

Direitos da pessoa com TEA

Para efeitos legais, os autistas são considerados pessoas com deficiência. De acordo com a Lei nº 12.764/12, é direito da pessoa com TEA o acesso a ações e serviços de saúde, incluindo identificação precoce, atendimento multiprofissional, terapia nutricional, medicamentos e informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento.

Referências:

McGuire P, Robson P, Cubala WJ, Vasile D, Morrison PD, Barron R, et al. Cannabidiol (CBD) as an Adjunctive Therapy in Schizophrenia: A Multicenter Randomized Controlled Trial. Am J Psychiatry. 2018;175(3):225-231.

Salgado CA, Castellanos D. Autism Spectrum Disorder and Cannabidiol: Have We Seen This Movie Before? Glob Pediatr Health. 2018;Nov 29;5:2333794X18815412.

Redação

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