Há mais de 40 anos, o nascimento do primeiro bebê através de fertilização in vitro (FIV), conhecido popularmente como ‘bebê de proveta’, marcava a história da medicina. O nascimento da inglesa Louise Brown, prestes a completar 42 anos em julho deste ano, foi um importante passo dentro da reprodução humana. De lá para cá, muitos processos evoluíram e no último mês de março, a revista científica britânica Nature, anunciou mais uma conquista nesta área: os primeiros modelos de embriões humanos feitos em laboratório.
Cientistas dos Estados Unidos e da Austrália criaram os primeiros modelos de embriões humanos em placas de Petri, uma receita bioquímica, mostrando como células embrionárias humanas ou células reprogramadas de adultos podem formar estruturas semelhantes aos primeiros embriões humanos, e foram batizados de blastoides.
Segundo Maite del Collado, Coordenadora Científica da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, em São Paulo, o experimento pode ser um grande passo para auxiliar os estudos de problemas de início do desenvolvimento embrionário, como abortos de repetição e questões relacionadas à infertilidade.
“Os blastóides produzidos a partir de células tronco, que se mostraram muito semelhantes aos blastocistos, possuem potencial para mudar este panorama. Se a Sociedade Internacional para Pesquisa com Células Tronco flexibilizar a utilização dos blastóides na pesquisa, o número de dados científicos que poderemos obter em pouco tempo será inconcebível e colocará a biologia reprodutiva em outro patamar. Muito possivelmente, nos próximos anos serão adquiridos conhecimentos que poderão ser aplicados na medicina clínica, como por exemplo nos casos de infertilidade que afetam cada vez mais casais no mundo”, explica a especialista.
Inteligência artificial e outras tecnologias
A inteligência artificial também tem sido utilizada na medicina reprodutiva, para suporte nas avaliações clínicas em escolhas de embriões ou na escolha do melhor tratamento aos pacientes, ajudando os profissionais a tomarem decisões clínicas como as que se referem a aplicação de doses de medicação. Além disso, a IA pode ser usada na seleção de embriões para uma FIV ou para se indicar a melhor técnica que pode aumentar a chance de uma paciente engravidar.
A tecnologia Time Lapse, recentemente chegada ao Brasil, disponível na unidade da Nilo Frantz, em São Paulo, aumenta as taxas de sucesso das fertilizações in vitro proporcionando a observação contínua do embrião através de fotos feitas a cada cinco minutos. Segundo Nilo Frantz, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana, o Time Lapse transforma a sequência destas fotos em vídeo mostrando a evolução completa e detalhada do embrião.
“Com o Time Lapse a observação pode ser feita 24 horas por dia através do computador sem necessidade de retirar o embrião da estufa, o que ocorre no método tradicional. Desta forma, conseguimos selecionar os melhores embriões para a transferência ao útero no momento mais adequado, aumentando assim as taxas de sucesso das fertilizações in vitro”, explica Dr. Nilo Frantz.
Congelamento de óvulos
Outro procedimento que vem dentro da evolução da medicina reprodutiva no mundo é o congelamento de óvulos, tratamento para preservar a fertilidade de mulheres acima dos 35 anos, que ainda não sabem se querem engravidar ou em casos de tratamento oncológico, no qual, a paciente precisa preservar a sua fertilidade ao se submeter a procedimentos como quimioterapia e radioterapia.
“A técnica de vitrificação oocitária é reconhecida como um dos passos mais importantes da medicina reprodutiva nos últimos anos, pois ela oferece autonomia para mulheres que ainda não escolheram se querem ser mães, preservando seu potencial reprodutivo por indicação médica ou desejo pessoal”, finaliza Dr. Nilo Frantz.