“Fui operada por um robô e lembrei do ‘Transformers’, aquele do filme. Esse robô é ‘top’… Minhas dores passaram, não sinto mais nada. Se um dia precisar operar novamente, quero que seja com um robô”. Assim, de forma lúdica e divertida, Sophia Brasil Chiquetto, de 10 anos, descreve o sentimento após ser a primeira paciente a passar por uma cirurgia robótica multidisciplinar do Vera Cruz Hospital, de Campinas (SP), no início do mês.
O procedimento, que é minimamente invasivo, durou cerca de 40 minutos e contou com uma equipe multidisciplinar, além de dois especialistas em cirurgia robótica com certificação internacional, o cirurgião pediátrico Rodrigo Garcia e o ginecologista Carlos Eduardo Godoy Jr.
Ela deu entrada na unidade com dor abdominal baixa e vômitos de difícil controle. Após uma tomografia, foi detectada uma torção no ovário, que, segundo Garcia, sempre exige uma intervenção cirúrgica de urgência. “O tratamento é reverter a torção o mais rápido possível, pois, quanto mais demorar, menos chances temos de recuperar o ovário”, explica.
O procedimento foi um sucesso e não registrou intercorrências, sangramentos, nem dor no pós-operatório. A paciente teve alta no dia seguinte. “Tenho uma filha da mesma idade da Sophia. Desde o primeiro momento, me coloquei no lugar dos pais, e tanto eu quanto o Dr. Rodrigo não medimos esforços para que ela ficasse bem. Contamos com todo o apoio do hospital durante todo o processo”, relata Godoy.
Já Garcia, pioneiro na técnica robótica em crianças no interior do estado de São Paulo, conta que as vantagens são amplas em relação às operações convencionais, principalmente em crianças. “No dia seguinte, a paciente nos perguntou se realmente tínhamos realizado a cirurgia, pois ela não estava sentindo nada. Além dos benefícios aos pacientes, o uso da robótica proporciona ao cirurgião recursos que permitem uma dissecção mais precisa e ampliação da visibilidade do campo cirúrgico. Em procedimentos cirúrgicos pediátricos, as habilidades técnicas potencializadas pela técnica robótica aumentam a chance de sucesso”, conta.
Segundo Godoy, o robô permite uma intervenção mais exata e meticulosa. “A visão tridimensional, aliada à precisão e ampla mobilidade das pinças robóticas, possibilitam realizar um procedimento rápido, com menos sangramento, menor reação inflamatória e maior preservação de estruturas. Isso é fundamental quando pensamos em preservar a produção hormonal adequada e não prejudicar o futuro reprodutivo”.
A parte comprometida do ovário da criança, mesmo retirada, não trará complicações futuras; ela poderá ter uma vida normal e ser mãe. “Logo após ser operada pelo robô, a minha filha já estava bem, nem parecida que tinha feito uma cirurgia”, comemora a mãe, Malu Chiquetto.
O caso de Sophia ocorre quando o ovário sofre uma rotação em seu próprio eixo, interrompendo de maneira súbita o fluxo sanguíneo em seu interior. O sintoma mais comum é forte dor abdominal. “Inicialmente, compromete a drenagem linfática e venosa, pode ocasionar edema e aumento de volume do ovário comprometido e, com o passar do tempo, a circulação arterial também é acometida, podendo ocasionar trombose, isquemia e até infarto hemorrágico”, alerta Garcia.
Especialista em oncologia ginecológica, Godoy considera a abordagem multidisciplinar como a chave para o sucesso em determinados procedimentos: “Sempre evoluímos ao compartilhar conhecimentos e trocar experiências a respeito de um tratamento. Tornamo-nos melhores cirurgiões e, por fim, quem recebe o maior benefício é o paciente”.
O Vera Cruz Hospital tem se estabelecido como referência no atendimento de alta complexidade, com investimento em equipes especializadas e tecnologia de ponta para melhor atender aos pacientes. Já foram realizados procedimentos em diversas especialidades. “Este é o primeiro procedimento multidisciplinar realizado na robótica. A aquisição dos robôs trouxe inovação e tecnologia de ponta para a região de Campinas e possibilitou ao hospital ter o que há de mais moderno na luta pela vida e pelo bem-estar do paciente, com intervenções mais precisas e pós-operatório mais confortável”, completa Garcia.