Infectologista do GRAACC alerta para queda da cobertura vacinal em crianças e adolescentes

Um recente documento divulgado pelo Ministério da Saúde revelou que a cobertura vacinal no Brasil está com níveis semelhantes aos que eram observados há 40 anos. Esse retrocesso é devido a uma série de fatores, mas principalmente à desinformação e falta de acesso. A percepção errada de que algumas doenças não são mais perigosas como antigamente leva o indivíduo à falsa sensação de segurança. A pandemia agravou isso e dificultou ainda mais o acesso aos postos e manteve as pessoas dentro da sua casa.

“Esse quadro já vem sendo observado há alguns anos e a chegada da pandemia agravou ainda mais a situação. Essa era uma grande preocupação dos infectologistas, pois uma cobertura vacinal baixa permite que a circulação dos vírus responsáveis pelas diversas doenças existentes aumente. Isso fica ainda mais delicado no cenário atual, com a pandemia de SARS-CoV-2 infectando também crianças e adolescentes”, comenta a Dra. Fabianne Carlesse, infectologista pediátrica do Hospital do GRAACC, referência em casos de alta complexidade do câncer infantojuvenil.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, de 2015 a 2020, a vacina BCG, que previne formas graves de tuberculose, passou de 105,08% de taxa de imunização para 73,78%. Outra doença grave como a paralisia infantil também teve queda na sua cobertura: em 2015 era de 98% e, em 2020, baixou para 76%.

“A cobertura vacinal alta permite que essas doenças não circulem e se propaguem. Para pacientes imunossuprimidos, em quem a imunidade é muito baixa, por exemplo, dependendo do quadro clínico, a vacina não deve ser aplicada, mas quando o entorno está vacinado, como familiares e amigos, os riscos de infecção diminuem consideravelmente”, explica Dra. Fabianne.

O Programa Nacional de Vacinação (PNI) realiza, entre os dias 1º e 29 de outubro de 2021, mais uma edição da Campanha Nacional de Multivacinação para crianças e adolescentes menores de 15 anos. Os objetivos da iniciativa são atualizar a caderneta vacinal na faixa etária e aumentar as coberturas no país, que chegaram a patamares semelhantes aos da década de 1980. O ‘Dia D’ é 16 de outubro.

Vacinas para pacientes oncológicos

Recomendadas: para pacientes em tratamento quimioterápico, algumas vacinas são recomendadas como a da influenza, contra o vírus da gripe e a vacina contra o pneumococo para prevenção das doenças causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, que pode causar pneumonia, otite, amigdalite e sinusite, além de trazer complicações ao paciente.

Não recomendadas: vacinas com microrganismos vivos têm o momento certo para serem aplicadas. Normalmente duas semanas antes do início da quimioterapia ou após três a seis meses do término do tratamento, dependendo do quadro clínico do paciente. Vacinas de vírus vivos são: BCG, febre amarela, poliomielite oral, rotavírus, varicela e tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola).

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.