A cor rosa, em outubro, é o tom mais quente. O mês é marcado pelo alerta de prevenção ao câncer de mama, doença que atinge milhares de mulheres em todo país. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama ocupa a primeira posição em mortalidade entre os cânceres em mulheres no Brasil. Visando chamar atenção para a prevenção e autocuidado da saúde da mulher, o ICB – Instituto de Câncer de Brasília (DF), lançou a campanha “‘Diversidade – o autocuidado faz a diferença’.
A campanha, que será veiculada até o final do mês, servirá como um convite para as pessoas cuidarem de si e das outras, um estímulo ao autoexame, além de mostrar a importância das consultas de rotina e do diagnóstico precoce. “Este ano preparamos uma campanha para chamar a atenção da desigualdade enfrentada por alguns pacientes diagnosticados com tumor mamário, como: pessoas com deficiência, homens, negros, obesos e LGBTQIA+”, explica Júlia Eckstein, Gerente de Marketing do ICB.
Diversificando os cuidados
A prevenção contra o câncer de mama é a mesma para todas as pessoas, sejam elas portadoras de deficiência física, obesos, negros ou LGBTQIA+. O exame recomendado para diagnóstico é a mamografia. Além dele, é importante ressaltar a importância do autoexame. “Em frente ao espelho, em pé ou deitado, é possível procurar por nódulos nos seios levantando o braço e deixando-o apoiado sobre a cabeça e com a polpa dos dedos examinar o seio. Qualquer alteração encontrada, deve ser repassada a um médico”, alerta o mastologista do ICB, Gustavo Gouveia.
Tratamento para deficientes físicos e negros
De acordo com pesquisas realizadas pelo Inca e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as mulheres negras têm maior taxa de mortalidade por câncer de mama se comparados com mulheres brancas. Dados mais recentes sugerem que os negros aparentemente não são portadores de doenças biologicamente mais agressivas. Porém têm menor acesso às ações de combate e conscientização, mais dificuldade de conseguir manter hábitos saudáveis – como alimentação balanceada e atividades físicas regulares – e frequentemente fazem diagnósticos tardios, onde a doença já está em estado mais avançado.
E se algumas pessoas têm dificuldade no acesso às ações de conscientização, outras encontram barreiras para a realização dos exames. O desconforto é igual para todos, mas pode ser ainda pior para paraplégicos, tetraplégicos e pessoas com nanismo. Entretanto, segundo a lei nº 13.362/2016, todos os que se encaixam na categoria de ‘PCD’ têm o direito garantido de realizar o exame de mamografia adaptado.
A dificuldade no tratamento entre obesos e LGBTQIA+
A obesidade é um fator de risco para o câncer de mama. A proporção de obesos na população com 20 anos ou mais de idade mais que dobrou no país entre 2003 e 2019. Nesse período, a obesidade feminina subiu de 14,5% para 30,2%. O mastologista alerta que a doença é causada pela multiplicação desordenada de células mamárias. “Existem diversos fatores que podem contribuir, como: histórico familiar, tabagismo, não ter filhos ou ter a primeira gravidez após os 30 anos. A presença de um ou mais desses fatores não significa que a mulher necessariamente irá desenvolver a doença”, explica.
Se a população de uma forma geral muitas vezes encontra dificuldades em ter garantido um atendimento em saúde integral, justo e imparcial, essa assistência se torna ainda mais difícil para uma parcela dos brasileiros constituída pela comunidade LGBTQIA+. Mulheres e homens trans também devem ficar atentos aos cuidados com as mamas e exames periódicos. A hormonioterapia com estrogênio, utilizada no processo de transição, aumenta o risco de câncer. Segundo estudo publicado pela University Medical Center, em Amsterdã, mulheres trans têm cerca de 47 vezes mais chances de desenvolver a doença do que os homens cisgênero.
Quiz
O ICB lançou um quiz interativo com foco no Outubro Rosa. De forma rápida e informativa, é possível descobrir fatores que influenciam no desenvolvimento do câncer de mama e analisar como estão os cuidados com a saúde. O quiz é gratuito e qualquer pessoa pode acessar e compartilhar através do site sejadiferenca.institutodecancer.com.br. “O mais importante, além do diagnóstico precoce, é a prevenção”, explica Júlia Eckstein.