Artigo – Car-T-Cell: Terapia promissora auxilia no tratamento do câncer

O câncer é uma doença que se origina após o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos do corpo humano. Atualmente, há conhecimento de mais de 100 tipos distintos, que atingem milhões de pessoas todos os anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse mal é a segunda maior causa de morte em todo o mundo, sendo responsável por 1 em cada 6 óbitos.

Apesar do avanço da medicina nas últimas décadas, por meio de quimioterapias e radioterapias mais seguras e menos agressivas, além do uso de novas tecnologias como ferramentas aliadas para o aumento da expectativa e qualidade de vida, o tratamento convencional continua sendo uma opção invasiva aos pacientes.

Todavia, a imunoterapia tem se configurado cada vez mais uma alternativa promissora para o combate da enfermidade. A terapia, que se iniciou no final dos anos 90, se baseia no estímulo e fortalecimento do sistema imunológico para que ele possa combater os tumores. Entre os variados tratamentos que utilizam a transferência de células adotivas, o Car-T-Cell vem se mostrando o procedimento mais avançado até então.

A técnica consiste em isolar o linfócito T – um tipo de leucócito, que realiza a defesa do organismo – e com o auxílio de um vetor viral geneticamente modificado em laboratório, ele é introduzido à célula isolada in vitro. Através desse método, uma sucessão de alteração em receptores do linfócito passam a reconhecer o antígeno a ser combatido nas células do câncer. A terapia foi desenvolvida nos Estados Unidos em 2017 e vem sendo utilizada para tratamentos de leucemia linfoblástica aguda, linfoma difuso e mieloma múltiplo. Em 2019, a terapia Car-T-Cell foi realizada pela primeira vez no Brasil em um paciente que tinha linfoma não-Hodgkin.

Estudos realizados em mais de 25 países e apresentados na reunião anual da Associação Europeia de Hematologia, em 2017, mostraram que dos 68 pacientes com leucemia aguda, 83% obtiveram remissão completa em até três meses após a infusão. Mais recentemente, em fevereiro de 2021, a agência reguladora americana FDA (Food ad Drug Admistration) aprovou o uso do Car-T-Cell para o tratamento de linfomas de células B agressivas. A liberação foi baseada em resultados de estudos clínicos publicados a revista científica The Lancet, que avaliou o uso em 192 pacientes e teve uma resposta global de 73%. Tais dados confirmam a eficácia do procedimento para proporcionar qualidade de vida aos enfermos.

Apesar de o tratamento ser extraordinário, um dos principais impeditivos para seu desenvolvimento em alta escala com pacientes no mundo todo se deve aos preços astronômicos. O método custa em torno de 400 mil dólares, além dos gastos hospitalares.

Com o desenvolvimento de novas pesquisas e estudos nos próximos anos, o Car-T-Cell tem tudo para ser uma técnica inovadora para além do tratamento do câncer, mas também de doenças autoimunes e infecciosas. Pacientes que possuem lúpus sistêmico e miastenia gravis, por exemplo, tendem a se beneficiar futuramente com a tecnologia.

 

 

 

Nelson Tatsui é Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP

Redação

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