16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica: sucesso e polêmica

O 16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica entra para a história da SBCM como uma das mais importantes ações de revisão científica dos primeiros 20 anos do século XXI. Teve formato híbrido, algo inédito até então, com resposta excelente de especialistas de todo o país. Entre o presencial, no Royal Palm Hall, Campinas, interior de São Paulo, e o digital, mais de 2.700 especialistas assistiram as aulas e palestras, desde o momento inicial, e foram registrados picos de 5 mil em audiência, conforme relata o presidente da Sociedade, Antonio Carlos Lopes.

Sobre ataques contra médicos e pacientes

Se o nível da programação foi destaque da edição 2021, assim como a excelência dos professores, outro ponto digno de registro foi a polêmica em torno dos recorrentes ataques à CM por parte de algumas autoproclamadas “lideranças médicas e autoridades”. Durante a cerimônia de abertura, em seu discurso de saudação ao público e palestrantes, Antonio Carlos Lopes foi firme e contundente na defesa dos cerca de 20 mil clínicos médicos do país.

“Há um grupo querendo mudar o nome de nossa SBCM, que honramos e tornamos um patrimônio dos pacientes e da Medicina nos trinta e um anos de existência. Esses senhores – e senhoras – querem que viremos medicina interna. Qual a lógica disso? Vocês conseguem imaginar um paciente contando a um próximo: ‘Hoje tenho consulta no internista’? Os cidadãos nos veem como os seus cínicos; uns nos chamam de clínicos geral. Nossa trajetória tem o realce do humanismo, do ter olhar prioritário ao doente e não à doença. Toda essa construção é patrimônio dos médicos que exercem a especialidade, do Sistema Único de Saúde e dos pacientes”.

Antonio Carlos Lopes pontua que a SBCM não cederá jamais aos detratores da Clínica Médica. A propósito, a Clínica Médica já tem o apoio da Associação Médica Brasileira, cujo presidente, César Eduardo Fernandes, fez questão de empenhar ainda na solenidade de abertura do 16º Congresso Brasileiro.

“Os interesses não estão nada claros, mas a falta de transparência é o carimbo desse pequeno grupo, que inclusive busca, no paralelo, ampliar a residência médica da especialidade para três anos”, assevera Antonio Carlos Lopes. “Uma manobra bem ao feitio de burocratas sem visão das necessidades científica e de saúde dos brasileiros. O conteúdo de nossa RM é cumprido com tranquilidade e excelência dentro de um biênio. Nossos especialistas são referência em toda a Medicina”.

Repercussão mostra acertos  

O Congresso se estendeu de 8 até 11 de outubro, tanto para quem optou pelo digital quando para quem foi ao Royal Palm de Campinas. Simultaneamente ocorreu o 6º Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência.

O time de professores teve 208 palestrantes, sendo 5 renomados e qualificados internacionais: Fausto J. Pinto, Diretor, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), Portugal, João Mascarenhas, presidente da Comissão de Ética do Centro Académico de Medicina de Lisboa, Portugal, Kirsten Meisinger, presidente da equipe médica da Cambridge Health Alliance (CHA), Mauro Pellegrino Avanzi, vice presidente de pesquisa clinica na Neogene Therapeutics nos Estados Unidos e Renato Delascio Lopes, professor de Medicina da Divisão de Cardiologia da Duke University, Carolina do Norte (EUA).

Ao todo 7 auditórios sediaram mesas redondas, conferências, simpósios satélites e rounds clínicos. Uma oportunidade para debater temas presentes no dia a dia da assistência.

Abrão José Cury Júnior, presidente do Congresso, discorre sobre as incertezas vividas pré-evento, pois a SBCM jamais adotara o formato híbrido e a pandemia do Covid ainda requer cuidados especiais. “Não tínhamos experiência em atender públicos distintos em modalidades tão diferentes e com expectativas próprias. Foi preocupante, porém recompensador. Deu muito certo, foi bem positivo”.

O presidente do Congresso acredita que essa é uma tendência irreversível, pois deslocar o profissional por até 600 mil quilômetros para ministrar uma ou duas palestras é oneroso, desgantante e sem lógica. Afinal, as soluções tecnológicas venceram distâncias e estamos todos conectados no planeta inteiro.

Resultados animam para o próximo

Carla Rosana, presidente executiva do Congresso, registra sua satisfação com a qualidade das palestras, aliás, que receberam elogios unânimes dos congressistas: “Você percebe que as pessoas apreendem e apreenderam com o que ouviram, para mim, o balanço é espetacular, quando pensamos em desenvolvimento continuado da especialidade e do atendimento aos pacientes”.

Vale ressaltar, que todas as conferências foram previamente gravadas e ficarão disponíveis na plataforma de transmissão por até 3 meses.

Informações: clinicamedica2021.com.br

Redação

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