Normalmente associada à idade avançada, a osteoporose precisa ser debatida com crianças e adolescentes. O consumo exagerado de refrigerantes, a falta de exercício físico e a baixa ingestão de cálcio durante a infância são fatores que contribuem para um aumento no número de casos da doença. Um projeto desenvolvido por alunos do Ensino Médio do Positivo International School, em Curitiba (PR), quer contribuir para a conscientização e na prevenção do problema.
De acordo com o mapa global da ingestão de cálcio produzido pela Fundação Internacional de Osteoporose (IOF), os brasileiros consomem apenas metade da quantidade diária de cálcio necessária para manter a saúde dos ossos. A organização recomenda ao menos 1000 mg de cálcio por dia. Por isso, o projeto desenvolvido pelos estudantes curitibanos tem como objetivo debater esse problema e arrecadar caixas de leite para a Fundação Iniciativa, que acolhe crianças de 3 a 18 anos vítimas de negligência e/ou violência. “Essa é uma doença que afeta pessoas mais velhas, mas a prevenção deve ser feita na infância e na adolescência. Isso é problemático porque nessa idade nós não costumamos pensar na osteoporose, visto que é uma doença que afeta mais os idosos”, detalha o estudante Artur Ulsenheimer, um dos responsáveis pela iniciativa.
Pandemia piorou o cenário
O envelhecimento causa, naturalmente, uma perda de densidade óssea. Além dele, algumas enfermidades e a redução da produção de hormônios sexuais também contribuem para essa perda. Assim, uma dieta pobre em cálcio durante a infância pode ocasionar um acúmulo insuficiente de massa óssea para quando isso acontecer. Evitar esse cenário depende não apenas do consumo de cálcio, mas também da prática regular de atividade física. A endocrinologista especialista em osteoporose e doenças osteometabólicas, Carolina Aguiar Moreira, explica que as perdas de massa óssea são mais acentuadas nas mulheres após a menopausa e, nos homens, depois dos 50 anos. “Quanto maior o pico de massa óssea, maior a reserva disponível quando essa fase chegar. É importante conscientizar as crianças porque nessa etapa da vida é quando mais aumenta o pico de massa óssea”, conta.
Durante a pandemia, com a necessidade de distanciamento social, crianças e adolescentes se tornaram mais sedentários. Uma pesquisa conduzida pela Fiocruz, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2020, ouviu 9.470 jovens entre 12 e 17 anos: 20,9% deles relataram que nunca praticavam 60 minutos de exercício diário antes da pandemia. Depois, esse índice subiu para 43,4%. A endocrinologista ressalta que a falta de exercício físico não é o único problema. “As crianças em casa, além de fazerem menos atividade física, também tiveram uma exposição menor ao sol e, consequentemente, à vitamina D, que influencia na absorção do cálcio”, diz.
Para Paola Nogaroli, uma das responsáveis pelo projeto, falar sobre a doença é um passo fundamental para que crianças e adolescentes compreendam a necessidade de adotar hábitos que priorizem a saúde óssea. “Precisamos levar a informação para que os jovens saibam que os hábitos que eles têm agora serão determinantes para ter saúde no futuro. A quantidade recomendada de cálcio é relativamente grande, ou seja, equivale a cerca de quatro copos de leite por dia, o que não é costume entre muitos jovens, inclusive eu”, afirma a estudante. Por outro lado, a ingestão de alimentos e bebidas como o refrigerante, por exemplo, é massiva e pode atrapalhar a absorção de cálcio pelo organismo. Em um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde em 2016, o refrigerante já aparecia em sexto lugar na lista de alimentos mais consumidos por adolescentes no país. O alto nível de ácido fosfórico presente nessas bebidas é prejudicial porque reage com o cálcio e produz fosfato de cálcio, que é solúvel em água e facilmente eliminado do organismo. Por fim, a vitamina D também é muito importante nesse processo, porque ajuda nessa fixação. Então, além de ingerir cálcio, movimentar-se e evitar comidas e bebidas industrializadas, é preciso garantir, também, a exposição adequada aos raios solares.
Para contribuir com o projeto, as doações de caixas de leite podem ser feitas na sede do Positivo International School, que fica na rua Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, no bairro Campo Comprido, em Curitiba.
Suplementação alimentar com mineral e vitamina pode auxiliar nos cuidados da Osteoporose
A expectativa é que em 2030 o Brasil tenha a quinta população mais idosa do mundo e um alerta que surge é como conquistar um envelhecimento saudável. A busca pelo bem-estar deve estar acompanhada de informações confiáveis e mudanças de hábitos que possam refletir em uma melhora na qualidade de vida da população.
Um problema que atinge 10 milhões de brasileiros é a osteoporose, segundo a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso). Já a Fundação Internacional da Osteoporose (IOF) estima que o número de fraturas osteoporóticas subirá 32% até 2050 em todo o mundo. Só no Brasil, em 2030, deverão ser registradas 608 mil, aumento de 63% em relação a 2015 (373 mil).
A patologia é silenciosa e não apresenta sintomas, deixando os ossos mais frágeis e aumentando o risco de quedas e fraturas. As mulheres correm maior risco para desenvolver a osteoporose, e pelo documento Consenso: prevenção e tratamento da osteoporose na América Latina – estrutura atual e direções futuras, divulgado no fim do ano passado pela Americas Health Foundation (AHF), 33% das mulheres brasileiras com mais de 50 anos têm a patologia.
Os principais desencadeadores estão relacionados a diminuição na produção de estrógeno em mulheres na menopausa, carência de cálcio e vitamina D, sedentarismo e predisposição genética, além de outros fatores de risco como: tabagismo, dieta pobre em nutrientes e minerais e até mesmo o envelhecimento natural. Uma característica da osteoporose é a perda acelerada de massa óssea, causando redução do desempenho físico, resultando em dificuldades para realizar atividades, que antes eram consideradas fáceis como caminhar e subir escadas ou situações normais do dia a dia, como se levantar da cama, tossir e respirar, pelo fato do osso estar menos resistente.
Como forma de reduzir esses riscos, a ingestão de nutrientes adequados, hábitos alimentares saudáveis e prática de atividade física, é a combinação ideal para minimizar a perda da força óssea relacionada à idade, manutenção de músculos e ossos e promoção do seu bom funcionamento, proporcionando benefícios aos indivíduos que desejam manter uma vida ativa e longínqua.
A ingestão adequada de cálcio e prática de exercícios físicos tem efeito sinérgico, pois ambos estimulam a formação de massa óssea, construção e manutenção do músculo, resultando em um aumento ideal em massa muscular e força, fator importante na prevenção das quedas e fraturas, especialmente do quadril, da costela e colo do fêmur.
Além do cálcio, essencial para renovação óssea, a ingestão de vitamina D também é importante nesse processo, pois sem ela, a absorção do mineral fica prejudicada. A vitamina D está presente em vários alimentos de origem animal, mas nem sempre possuem a quantidade que o organismo necessita. “Por isso que, em muitos casos, médicos e nutricionistas indicam a suplementação desta vitamina para obter o nível adequado da substância no organismo”, explica Kathia F. Schmider, Nutricionista, Especialista em Nutrição em Saúde Pública e Coordenadora Técnica da ABIAD – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres.
Ao longo dos últimos cinco anos, desde a primeira Pesquisa de Mercado ABIAD* – ‘Hábitos de Consumo de Suplementos Alimentares’, no Brasil, houve um aumento de 6 p.p no consumo de suplementos na faixa etária de 41 a 60 anos, o equivalente a 34% dos entrevistados, indicando que o aumento no consumo nesta faixa etária, possa estar associado ao desejo de manter a qualidade de vida com o passar dos anos e uma longevidade saudável. Já o consumo na faixa etária entre 61 a 70 anos representa 15% e, os suplementos mais consumidos são: Ômega 3, Multivitamínicos (vitamina C e D), Cálcio e Colágeno.
“Ter acesso e conhecimento às alternativas que favoreçam a promoção da saúde e que mantenham a qualidade de vida é de suma importância. A tendência é que esses cuidados e atenção tornem-se mais frequentes e efetivos para a população idosa”, reconhece Kathia.
(*) O estudo foi realizado no primeiro trimestre de 2020 em sete capitais – Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Brasília (DF) e Belém (PA) –, nas cinco regiões do Brasil, configurando uma amostra com representação nacional, com 1006 entrevistas. O perfil dos participantes foi de 50% de homens e 50% de mulheres, com idade entre 17 e 70 anos, de todas as classes sociais. A pesquisa foi conduzida pela Toledo & Associados.