Além do histórico de atletas de alto rendimento em esportes como futebol, ciclismo e basquete, o holandês Arjen Robben, o francês Éric Abidal, o americano Lance Armstrong e os brasileiros Nenê Hilário, Ederson e Magrão têm outra questão em comum. Todos eles tornaram público o diagnóstico de câncer de testículo. A alta prevalência deste tipo de tumor e a ausência de câncer de próstata nesta idade é um reflexo do fato que o câncer de testículo é o mais comum no mundo entre os homens de 15 a 34 anos, superando a leucemia, que é o câncer pediátrico mais comum. Abril é o mês de conscientização mundial sobre o câncer de testículo.
Ao contrário da faixa etária de maior incidência e prevalência, quando considerados os homens a partir de 35 anos, o câncer de testículo aparece apenas na 22ª posição, o que equivale a ser 35 vezes menos comum que o câncer de próstata. Ao todo, são 74 mil novos casos anuais de câncer de testículo no mundo (35 mil deles entre 15 e 34 anos). Os dados são do levantamento Globocan 2020, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS).
Mais números do câncer de testículo no Brasil e no mundo
Ainda de acordo com o Globocan 2020, com 3,3 mil novos casos anuais, o Brasil registra a maior incidência da América Latina de câncer de testículo. Já a maior prevalência no continente é observada na Argentina, com 8,1 casos para cada 100 mil argentinos enquanto a prevalência no Brasil é de 2,5 casos. A maior prevalência de câncer testicular do mundo está no Norte da Europa, mais precisamente na Noruega, que apresenta 12,4 casos para cada 100 mil homens.
A análise dos dados do DATASUS mostra que em 2020 houve redução no Brasil, quando comparado com 2019, de 32% no número de biópsias de testículo, exame que confirma o diagnóstico de câncer. “Houve uma grande demanda reprimida como reflexo da pandemia. É importante manter as determinações de distanciamento social, mas, ao perceber sinais no corpo, a ida ao médico não pode ser negligenciada”, alerta o cirurgião oncológico Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Outro fator que dificulta o diagnóstico precoce no Brasil é o fato de ser muito comum o homem associar qualquer alteração no testículo com alguma doença venérea ou trauma recente. “A maioria tem medo de falar sobre o assunto, principalmente com as esposas”, afirma Guimarães. Embora o câncer de testículo tenha baixa mortalidade, o sucesso do tratamento é maior quando a doença é descoberta precocemente.
Nos Estados Unidos, onde são registrados cerca de 10 mil novos casos anuais de câncer de testículo, 99% estão vivos cinco anos após o tratamento quando a doença é diagnosticada na fase mais inicial. Quando há disseminação à distância (metástase), a sobrevida em cinco anos cai para 72,5%. Os dados são do SEERs, levantamento do National Cancer Institute (NCI), dos Estados Unidos.
FATORES DE RISCO
Idade: a maioria dos casos ocorre entre as idades de 15 e 50 anos, sendo o mais comum no mundo na faixa dos 15 aos 34 anos.
Raça: Os homens brancos têm de 5 a 10 vezes mais chances de desenvolver câncer testicular do que os homens de outras raças.
Herança genética: Quando há história familiar de câncer de testículo, o risco é aumentado.
Criptorquidia: Condição na qual o testículo não desceu para o escroto é importante fator de risco. Homens que fizeram cirurgia para corrigir esta condição também têm risco de desenvolver câncer testicular.
Síndrome de Klinefelter: Risco aumento também para quem apresenta esse transtorno cromossômico sexual, que é caracterizado por baixos níveis de hormônios masculinos, esterilidade, aumento dos seios e testículos pequenos.
Vírus da imunodeficiência humana (HIV) e tratamento anterior para câncer testicular também são fatores de risco e requerem maior atenção.
SINTOMAS
– Nódulo pequeno, duro e indolor
– Mudança na consistência dos testículos
– Sensação de peso no saco escrotal
– Dor incômoda no baixo ventre ou na virilha
– Dor ou desconforto no testículo ou no saco escrotal
– Crescimento da mama ou perda do desejo sexual
– Crescimento de pelos faciais e corporais em meninos muito jovens
– Dor lombar
TRATAMENTO
A abordagem terapêutica é definida caso a caso. A cirurgia, chamada de orquiectomia, é feita para remover o testículo com uma incisão na virilha. Nesse momento, amostras de tecido são examinadas para determinar o estágio do câncer. Os tumores de testículo do tipo seminoma (o mais comum) são tratados com cirurgia, muitas vezes, associada com radioterapia ou quimioterapia a depender do estadiamento (fase de descoberta da doença).
Mais informações sobre epidemiologia, prevenção, diagnóstico, fases da doença e tratamento estão disponíveis em www.iucr.com.br/cancer-testiculo.