Artigos – Os desafios e questões éticas na telemedicina

A grande promessa da telemedicina finalmente chegou. Em vez de transferir o paciente para o clínico, agora é comum aproveitar o poder da tecnologia para transmitir o conhecimento do especialista direto ao paciente com necessidade. Entre 2020 e 2021, mais de 7,5 milhões de atendimentos remotos foram realizados, por mais de 52,2 mil médicos, no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital.

Uma nova realidade que envolve práticas médicas e tecnologias da informação e comunicação. Comprovadamente, é muito eficaz para cuidados de saúde de forma remota, especialmente em áreas com poucos serviços de saúde. No entanto, a implementação enfrenta barreiras como questões éticas, legais e regulatórias.

Essa mudança progressiva nos cuidados de saúde tem um grande impacto na formulação de políticas públicas por parte das autoridades. Neste contexto, a inteligência artificial (AI) desempenha um papel importante para melhorar os padrões de cuidado. Operacionalmente, a telemedicina cobre duas grandes áreas: a primeira é a interação virtual entre paciente e médico e o tratamento prescrito e a segunda é o fluxo de informações.

O Instituto Ética Saúde mapeou os desafios legais e éticos da telemedicina, no Brasil:

– Falta de legislação específica para prestar este serviço;

– Novo conceito de responsabilidade;

– Proteção de privacidade-confidencialidade;

– Rastreabilidade segura dos serviços;

– Segurança do paciente;

– Prevenção de fraudes em todo elo da cadeia;

– Responsabilidade pela entrega do serviço em ambiente de boas práticas;

– Privacidade do paciente e segurança de dados;

– Imperícia médica “telenegligência”;

– Lidar com o sexo oposto;

– Transparência na relação médico-paciente.

O país vem evoluindo em algumas questões. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) classificou e definiu pontos de proteção para facilitar a compreensão e o gerenciamento de dados pessoais. E foi promulgada a Lei 13.989/20 dispondo sobre a telemedicina e sobre a sua utilização em caráter provisório, em período de pandemia. Sendo efetivada, ela vai continuar oferecendo benefícios, como melhoria do acesso a um custo mais barato, mas os desafios éticos e legais precisam ser levados em consideração na implementação destes programas na sociedade, em nome da segurança do paciente.

Marcos T. Machado é membro do Conselho de Administração do Instituto Ética Saúde e um dos seus fundadores

Redação

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