Acretismo placentário está entre as principais causas de morte materna

O acretismo placentário é uma condição clínica na qual a placenta não se descola espontaneamente da parede uterina ao nascimento e não pode ser removida sem que ocorra uma hemorragia materna, de acordo com definição da Sociedade Internacional de Acretismo Placentário. Segundo dados da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), cirurgias uterinas anteriores e placenta prévia são dois fatores que podem aumentar de 40 a 60% o risco de uma paciente obstétrica apresentar acretismo placentário. O tema foi abordado durante a 25ª Jornada Internacional de Anestesia Obstétrica do Hospital e Maternidade Santa Joana.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 830 mulheres morrem todos os dias no mundo por conta de complicações na gravidez e no parto. Com base em informações do Ministério da Saúde, 14% dos óbitos maternos no Brasil são causados por hemorragia, incluindo aquelas decorrentes do acretismo placentário.

Para Dra. Mônica Siaulys, coordenadora do departamento de Anestesiologia do Hospital e Maternidade Santa Joana, de São Paulo (SP), o principal problema clínico para gestante com acretismo placentário é a possibilidade de perder grande parte de sua volemia (termo médico para a quantidade de sangue circulando no corpo) em poucos minutos. “Por ser uma patologia com elevada incidência de mortalidade e morbidade, é fundamental que todas as etapas de preparo, suporte no intraoperatório e acompanhamento no pós-operatório sejam seguidos rigorosamente. Somente assim conseguiremos melhores resultados”, compartilhou a especialista durante o evento. Desde o ano passado, a instituição é credenciada a Sociedade Internacional de Acretismo Placentário, grupo voltado ao estudo desta patalogia.

Referência mundial no assunto e editor-chefe do livro “Anestesia Obstétrica: Princípios e Prática, David Chestnut, enfatiza que o acretismo placentário é um grande desafio. “Quando comparamos com 30 ou 40 anos atrás, verificamos que a ocorrência desta doença cresceu nos últimos anos. Isso é multifatorial, e o aumento de cesáreas no mundo é um desses fatores”, explicou o especialista, que já ocupou a presidência da SOAP (Society for Obstetric Anesthesia and Perinatology).

A 25ª Jornada Internacional de Anestesia Obstétrica do Hospital e Maternidade Santa Joana ocorreu no último dia 27 de março. Por conta da pandemia da Covid-19, este ano o encontro foi realizado em formato virtual e, inovando mais uma vez, o Santa Joana trouxe grandes nomes da Anestesia Obstétrica mundial como David Chestnut; Brendan Carvalho, chefe da Anestesia Obstétrica no Departamento de Anestesia da Stanford University Medical Center, onde também atua como professor de Anestesia; Carolyn F Weiniger, diretora da divisão de Anestesia Obstétrica e professora de do Centro Médico Tel Aviv Sourasky, em Israel; e Heather Nixon, chefe da divisão Anestesiologia Obstétrica da Universidade de Illinois (Chicago – EUA) e membro do Comitê de Segurança e Educação do Paciente da Sociedade Americana de Anestesia.

A Jornada abordou, ainda, outros temas de relevância como, atualização em pré-eclâmpsia, anestesia para gestante idosa (gravidez tardia – após os 35 anos) e uso do ultrassom em anestesia obstetrícia, além da tradicional aula sobre ‘O que existe de novo em Anestesia Obstétrica’, anualmente apresentada no principal congresso de Anestesia Obstétrica do mundo, o SOAP Annual Meeting. Society for Obstetric Anesthesia and Perinatology).

Também participaram do evento, Dra. Marina Cestari Rizzo, responsável pelo Serviço de Anestesia Obstétrica do Hospital e Maternidade Santa Maria, que moderou a sessão sobre o debate acerca das melhores práticas em analgesia de parto, e a infectologista do Santa Joana, Dra. Camila Almeida que palestrou sobre a Covid-19 na gestação e puerpério.

A edição 2021 contou, também, com o lançamento do 1º Curso Online de Atualização em Anestesia Obstétrica desenvolvido pelo Hospital e Maternidade Santa Joana.

Redação

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