O mês de agosto é voltado à conscientização sobre a Esclerose Múltipla. A doença autoimune se caracteriza pela destruição do tecido protetor, chamado mielina, que envolve as fibras nervosas, impedindo ou alterando a transmissão das mensagens do cérebro para as diversas partes do corpo. Mas o que muita gente não sabe é que a doença pode dar seus indícios através da visão, que pode apresentar inflamações no nervo óptico. Segundo a Médica Oftalmologista da Oftalmo Clínica de Petrópolis e pesquisadora da Fiocruz, Dra. Ana Luísa Aleixo, estudos mostram que em 20% dos casos, o primeiro sintoma é a diminuição na capacidade de enxergar.
“Os pacientes com esclerose múltipla podem apresentar neurite óptica, uveíte, visão dupla e nistagmo, que são movimentos involuntários e repetitivos dos olhos, resultando, muitas vezes, em redução da acuidade visual. Os principais sintomas oculares são diminuição súbita da visão, turvação visual, mancha escura no centro do campo de visão e desbotamento das cores. Em alguns casos o paciente pode apresentar dores ao movimentar os olhos, por isso é tão importante que um acompanhamento oftalmológico seja feito, de forma a diagnosticar tais patologias de forma mais eficaz”, explica a Dra. Ana Luísa.
Ainda de acordo com a especialista, é possível medir a evolução da doença e seus impactos na visão, através de exames de imagem. A tomografia de coerência óptica (OCT) pode ser um instrumento útil não somente para avaliar a intensidade do edema de nervo óptico, mas também é uma tecnologia promissora para avaliação da remissão com o tratamento. “A verificação da espessura da camada de fibras nervosas da retina por esse método vem sendo estudada não só na esclerose múltipla, mas também em outras doenças degenerativas do sistema nervoso central como o Alzheimer. Outros exames como medida da visão, fundo de olho, campo visual e teste de visão de cores, também podem auxiliar no processo de diagnóstico e tratamento”, detalha a Oftalmologista.
O diagnóstico e tratamento tem por objetivo a preservação máxima da visão. E de acordo com a Dra. Ana Luísa Aleixo, as novas tecnologias prometem ajudar no monitoramento do tratamento e avaliação de remissão. No tratamento, o uso de corticoides e imunossupressores podem ser necessários para controlar a reação inflamatória que é gerada por auto imunidade.
“O diagnóstico e tratamento precoce permite que a doença seja melhor controlada, diminuindo a chance de sequelas graves. A esclerose afeta principalmente adultos jovens que devem procurar atendimento médico em caso de sintomas oculares e neurológicos. O acompanhamento destes profissionais é fundamental para preservar a qualidade de vida de quem tem essa doença”, pontua Ana Luísa.