A variante brasileira do Coronavírus, bem como as cepas identificadas no Reino Unido e na África do Sul, preocupou o mundo devido ao fato de ser mais contagiosa e mais resistente a anticorpos. A ciência, no entanto, avança nas análises da cepa em relação à resposta vacinal, com amostras já sendo analisadas na Universidade de Oxford.
O que sabemos?
De acordo com Nancy Bellei, infectologista da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPE/Unifesp – Campus São Paulo), foi observado em estudos in vitro que a variante brasileira, da mesma forma que a variante sul-africana, teve uma redução importante da produção de neutralização, ou seja, da ação dos anticorpos neutralizantes. Os estudos utilizaram soros de pacientes imunizados com as vacinas da Pfizer e Moderna.
Por outro lado, os estudos da vacina Oxford/Astrazeneca na África do Sul foram suspensos devido à uma eficácia menor de 50% com a variante sul-africana. “Essa cepa tem, de modo geral, mutações diferentes da brasileira, mas possui também mutações em comum que determinam diminuição de atividade neutralizante com a cepa anterior”, explica Bellei.
“Assim, é de se pensar que eventualmente essas cepas brasileiras podem determinar que indivíduos vacinados corram o risco de não ter uma boa resposta, mas não sabemos ainda”, complementa a infectologista.
Novas análises
Amostras da cepa brasileira já foram enviadas para a Universidade de Oxford para que se faça o estudo das células. “Para essa análise, os cientistas possuem as amostras da cepa brasileira e soros de vacinados com a vacina Oxford/Astrazeneca”, garante Bellei.
A infectologista diz que é importante aguardar resultados. “É fundamental a gente entender que esses títulos que foram mais baixos, ou essa eficácia no continente africano, foi para a doença leve. Nós ainda não sabemos o quanto essas vacinas atuais vão ter um papel, ainda que a gente tenha cepas variantes no país, para a redução de hospitalização e óbito”, conclui.