De acordo com as estatísticas, mais de 80 mil amputações são realizadas a cada ano no Brasil, considerando membros superiores e inferiores. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 70% delas decorrentes do diabetes, porém no Brasil os acidentes de trânsito, o câncer e até a violência urbana figuram como os motivos desse alto número. Neste contexto, as próteses, bem como o tratamento de reabilitação são fundamentais para a reabilitação do indivíduo e, para especialistas é essencial que as equipes médicas tenham a percepção da importância de preparar o membro afetado para adaptação.
Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, mais de 470 mil pessoas tiveram membros amputados no Brasil, um número maior do que toda a população de Florianópolis (SC). Já a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) estima que traumas em geral são responsáveis por 20% das amputações, colocando os acidentes de trânsito como a segunda maior causa de perda de membros, ficando atrás da diabetes.Em 2017, por exemplo, o Rio bateu o recorde de policiais militares paraplégicos e amputados. Os números de vítimas do trânsito também são altos, sendo quase 50% dos atendimentos dos bombeiros no Estado.
De acordo com Mário Carvalho, Diretor da Ottobock Clinical Services, no Rio de Janeiro, é essencial que antes da cirurgia, um protesista ortopédico (um perito que avalia, indica, confecciona e ajusta a prótese) e um fisioterapeuta se reúnam com o cirurgião para discutirem os planos e os objetivos da pessoa que precisa da amputação. “É imprescindível que seja assim, para um melhor resultado posterior da reabilitação. E fazer como que o coto se torne funcional está diretamente ligado não só a autoestima do amputado, mas a sua qualidade de vida pós-cirurgia”, afirma.
Segundo a Ortoprotesista e Responsável Técnica na Ottobock Clinical Services Rio de Janeiro, Fernanda Simões, o ideal é que o exercício que visa fortalecer a massa muscular e a flexibilidade do membro amputado sejam iniciado antes da amputação e dado continuidade após o procedimento. “Trata-se de uma adaptação em médio e longo prazo. E quanto mais preparado o indivíduo estiver, maior será o seu potencial com ou sem a prótese”, explica o especialista, acrescentando que todos precisam fazer exercícios para ajudar a reduzir o inchaço no membro residual e evitar que os tecidos se encurtem, dificultando a utilização de uma prótese após a cicatrização.
Neste contexto, crescem cada vez mais iniciativas voltadas para a educação continuada, ou seja, cursos e treinamentos para equipes multidisciplinares, incluindo médicos-cirurgiões, para que antes da amputação haja todo o cuidado possível. “Em verdade, mais do que cautela é preciso sensibilidade para identificar o cenário futuro, buscando ser assertivo na direção de propiciar ao amputado a melhor qualidade de vida possível”, ressalta Mário Carvalho, concluindo que ele faz parte de um grupo que promove a conscientização desse tema em todo o Brasil, levando essencialmente aos cirurgiões informação qualificada.