Especialistas discutem a importância do uso de dados na saúde brasileira em tempos de pandemia

Na última década o mundo passou a ter uma noção maior e mais clara sobre o valor que os dados ganharam para o sucesso de qualquer negócio. Na saúde não é diferente. Eles estão por toda parte e têm ganhado cada vez mais protagonismo na evolução do serviço assistencial, na assertividade de diagnósticos e tratamentos e, consequentemente, na qualidade de vida do paciente .

Em tempos de pandemia, a obtenção de indicadores transparentes e de maneira rápida é uma das únicas fórmulas concretas para se avançar no combate. Pensando nisso, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) reuniu virtualmente experts no assunto para participarem do webinar “Covid-19: a importância da utilização de dados na tomada de decisão na saúde”. Na transmissão que aconteceu em 10 de junho, os convidados compartilharam experiencias pessoais de suas instituições e reforçaram a importância da convergência entre os setores público e privado no quesito informação.

O debate foi mediado por Paulo Chapchap, diretor geral do Hospital Sírio-Libanês, que pediu uma análise inicial do momento do ponto de vista dos participantes. Vanessa Teich, superintendente de economia da saúde do Hospital Albert Einstein, afirmou que está sendo o cenário de maior incerteza em que teve que trabalhar e fazer projeções. “Passamos a sistematizar as informações para que pudéssemos ter acesso em tempo real. Isso demonstrou a necessidade de manter diferentes áreas realmente integradas nos processos para uma maior agilidade”. Mesmo assim, Teich conta que as previsões são feitas a curtíssimo prazo, entre uma e duas semanas, “mais do que isso, ainda é impossível”.

Na esfera pública, o diretor do Datasus, Jacson Barros e o CEO da 2im Inteligência Médica, Cesar Abicalaffe, concordaram que em termos de dados, é necessária harmonia entre hospitais privados e o Sistema Único de Saúde (SUS). Barros enfatizou a utilidade do prontuário eletrônico e afirmou que a implementação da interoperabilidade tem de ser uma prioridade na saúde.

O diretor executivo da Anahp, Marco Aurélio Ferreira, também esteve presente e aproveitou para ressaltar a abertura do Sistema de Indicadores Hospitalares Anahp (SINHA) para instituições públicas. “Temos aperfeiçoado esse sistema ao longo de 15 anos e nossa intenção é levar para o Brasil inteiro. No final do ano passado iniciamos o projeto piloto com hospitais do SUS”. O objetivo, segundo Marco, é promover a troca de informações e disseminar as boas práticas de gestão em todo o sistema de saúde .

Em tom otimista, o professor da Fundação Getúlio Vargas – FGV, Rudi Rocha, disse que “em 10 anos, a disponibilidade e o acesso aos dados cresceram e melhoraram”. “Antes um profissional precisava de técnicas que só existiam no MIT. Hoje, vejo que meus alunos são capazes de elaborarem análises, com dados do mundo inteiro, de maneira rápida e precisa, apenas com o notebook no colo”, finaliza.

Ao final, os participantes reforçaram a importância do SUS, dos investimentos em dados concisos e do legado que deve ficar para todos os componentes do sistema de saúde brasileiro diante da experiência vivenciada com o enfrentamento à Covid-19. “Espero que programas solidários permaneçam no pós-pandemia e que mais empresas possam se envolver em prol do acesso à saúde para todos. Acredito que a sociedade sairá muito melhor de tudo isso”, encerrou o diretor-executivo da Anahp.

Redação

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