Artigo – Aliados na luta contra a infecção hospitalar

O risco de infecção hospitalar é uma preocupação constante dos gestores da área de saúde. Afinal, ninguém deseja que o paciente tenha sua situação clínica comprometida por contrair uma superbactéria ou vírus dentro de um ambiente construído com a finalidade oposta, que é zelar pela saúde. Manter o ambiente hospitalar livre de micro-organismos é um dos maiores desafios, pois não basta a limpeza de paredes, chão e utensílios, quando o próprio ar pode estar contaminado. Além do mais, o odor dos produtos de limpeza pode causar desconfortos e alergias nos pacientes.

A contaminação do ambiente é causada por fatores diversos como a circulação de pessoas, que ao chegarem de áreas externas trazem, sem querer, organismos microscópicos que podem ser prejudiciais à saúde e, quando saem, transportam germes e bactérias que já estavam no ambiente interno. Os sistemas de ar-condicionado também contribuem para o aumento do problema, pois são propagadores de fungos e bactérias, principalmente quando a manutenção é falha. A umidade que se forma no interior dos aparelhos se transforma em ambiente propício para a proliferação desses micro-organismos, lançados ao ar quando os equipamentos estão em funcionamento.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), dos mais de 234 milhões de pacientes operados por ano no mundo, um milhão deles morrem em decorrência de infecções hospitalares e sete milhões apresentam complicações no pós-operatório. No Brasil, um estudo feito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) mostrou que 95% dos jalecos médicos estão contaminados. Vale ressaltar as recentes notícias sobre o fungo Candida auris, resistente a medicamentos, responsável por casos de infecção hospitalar em vários países, inclusive nos Estados Unidos, com chances de chegar ao Brasil. Na Inglaterra, na Espanha e na Venezuela centros hospitalares tiveram de fechar setores inteiros para fazerem a desinfecção.

O quadro exige investimento em meios mais modernos e eficientes para descontaminação do ambiente. Em vigor desde 4 de janeiro de 2018, a Lei Federal 13.589 torna obrigatória a execução de um Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) de sistemas e aparelhos de ar condicionado em edifícios públicos e de uso coletivo. A lei se aplica também aos ambientes climatizados de uso restrito, que devem obedecer a regulamentos específicos como a norma NBR 7256. Houve um prazo de seis meses para a devida adequação, que terminou em julho do ano passado. Quem não cumprir a nova regra pode ser multado em valores que vão de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.

A boa notícia é que o mercado oferta um amplo portfólio de tecnologias para medição e descontaminação do ar nos ambientes internos como de hospitais e em sistemas de ar condicionado. Além dos filtros tradicionais que atuam passivamente esperando o contaminante passar por dentro dele para ser anulado, o Brasil já conta com uma solução ativa que usa o ar como meio de transporte para que oxidantes naturais efetuem a descontaminação do ambiente e outra que utiliza luz ultravioleta na serpentina do aparelho de ar-condicionado, descontaminando através da eliminação do biofilme.

Tais sistemas são verdadeiros aliados da área de saúde na medida em que contribuem para a redução de casos de infecção hospitalar, com diminuição de custos derivados da ampliação do tempo de internação e uso de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Vale ressaltar que o ambiente não fica mais saudável apenas para os pacientes, mas também para funcionários e visitantes.

Henrique Cury é membro atuante do Qualindoor, Departamento Nacional de Qualidade do Ar Interno da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) e diretor da EcoQuest do Brasil

Redação

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