Artigo – Biometria facial como aliada na prevenção de fraudes no setor de saúde

Li recentemente uma pesquisa que afirma que, no segundo semestre de 2022, o Brasil foi o maior alvo de ataques cibernéticos na América Latina e quando falamos nesse tipo de invasão, é comum que se pense em grandes corporações ou empresas de comunicação. No entanto, esquecemos um alvo, que foi recentemente atacado e é buscado por cibercriminosos – o setor de saúde. No dia 7 de maio, o grupo Fleury foi vítima de ataques cibernéticos e precisou aplicar testes de segurança para priorizar a retomada da integração automática de sistemas em suas unidades.

Além disso, há pouco tempo, um vazamento de dados confidenciais expôs mais de 5,8 milhões de pacientes e informações relacionadas ao tratamento, deixando as vítimas vulneráveis às ameaças cibernéticas. De acordo com levantamento anual do Instituto ECRI (Emergency Care Research Institute), o ciberataque é a principal ameaça que deve ser considerada pelos líderes de saúde que procuram mitigar incidentes de tecnologia em organizações.

Na área da saúde, há diversos procedimentos críticos que requerem disponibilidade contínua, o que implica no gerenciamento de escalas de profissionais que compartilham equipamentos e exige a utilização de identidades confiáveis para os usuários e a gestão de acessos aos dados por parte da instituição. Os registros com informações de exames, procedimentos, medicamentos administrados e dados pessoais dos pacientes coletados dentro da instituição são compartilhados entre diferentes setores, e cada um deles deve acessar somente as informações necessárias para executar sua tarefa. Além disso, os hospitais precisam dividir alguns dados com terceiros, como as operadoras de saúde.

Nesse sentido, a biometria facial pode ser  uma ferramenta útil para melhorar a segurança e proteger os pacientes. O reconhecimento facial é uma tecnologia que moderniza o processo de atendimento em clínicas e hospitais, evitando filas e o trabalho da recepcionista em avisar o profissional sobre a chegada de cada paciente. Com um dispositivo eletrônico instalado na recepção, o paciente pode utilizar a câmera para identificar o rosto, que será comparado com o cadastro no sistema para confirmar a presença.

Como os hospitais trabalham com dados sensíveis, é de extrema importância mantê-los em segurança. Por isso, o reconhecimento facial também deve ser utilizado para liberar acesso a locais restritos e verificar a entrada e saída de funcionários nos ambientes de trabalho, ou até mesmo para checar a identidade de visitantes em UTIs e quartos de pacientes, evitando riscos virtuais e in loco.

Além disso, a utilização da biometria facial na área da saúde pode ajudar a reduzir os riscos de roubo de identidade e fraude nos pagamentos, pois é capaz de detectar de maneira rápida e automática quando um usuário tenta utilizar informações falsas para acessar recursos confidenciais. Isso permite que as organizações do setor de saúde identifiquem rapidamente tentativas fraudulentas antes que elas causem danos significativos.

A biometria também pode confirmar rapidamente o status dos pacientes durante todo o processo de atendimento. Isso significa que médicos podem facilmente verificar se um paciente já foi tratado anteriormente, se está em tratamento atualmente ou se existem outras informações importantes relacionadas à sua condição médica, além de ajudar a identificar expressões e auxiliar no atendimento a pacientes com dificuldades.

Em resumo, com a capacidade de oferecer aos médicos uma solução confiável para analisar rapidamente os pacientes, além de proteger informações confidenciais contra possíveis ameaças cibernéticas, a biometria facial tem o potencial de melhorar significativamente a segurança no setor da saúde. Quando uma grande empresa é atacada, pode perder negócios, mas quando um hospital sofre um ataque, a maior vítima pode ser a vida.

Sebastian Stranieri é fundador e CEO da VU, especialista em cibersegurança

Redação

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