Nos últimos anos foram registrados grandes avanços no setor de saúde, principalmente com a chegada da pandemia provocada pela Covid-19, que ajudou a acelerar o processo. As healthtechs, startups que atendem as demandas do setor, por exemplo, tiveram um aumento 16,11% no Brasil, entre 2019 e 2022, segundo a pesquisa da Liga Ventures em parceria com a PwC Brasil. Com a alta, o segmento chegou a movimentar R$ 1,79 bilhão durante este período.
Apesar do cenário de crescimento, o ano de 2022 foi a virada para que o setor sofresse um grande impacto com a perda de 65% destes investimentos. E um dos motivos levantados para esta queda foi a mudança na realidade pandêmica, que a cada dia está diminuindo. Todavia, se por um lado o reflexo da queda destes investimentos foi positivo para a população, que já não precisa buscar serviços de saúde como ocorreu na pandemia, por outro, uma parcela destas empresas não estava preparada para este declínio.
Com o cenário em baixa, muitas organizações começaram a se mexer para recuperar o fôlego. No entanto, apesar das mudanças aparentarem urgência, algumas destas empresas encontram dificuldades em se moldar, conforme a atualidade exige. E um dos motivos é a cultura de gestão centralizada, que pode provocar morosidade nos processos, além de entregas aquém da demanda do setor. E é por estas e outras razões que a abertura para mudanças se faz necessária, buscando, neste caso, a agilidade organizacional.
A alta gestão nem sempre tem todas as respostas, pelo simples fato de não estarem continuamente na linha de frente. Entretanto, é fundamental que ela entenda as demandas de cada setor da empresa e suas rotinas para que, assim, possa promover a transformação organizacional desejada e obter bons resultados deste processo. Um exemplo disso é na área de atendimento. Quem lida com o cliente sabe quais são suas principais dores e o que ele espera e busca daquela empresa que ainda deposita confiança. E, antes que este cliente mude de ideia e busque a concorrência, empresas consideradas ‘tradicionais’ devem se reciclar e empoderar as deliberações dentro de cada área para gerar mais rapidez na tomada de decisões e, dessa forma, promover um bom atendimento ao cliente para que saia satisfeito desse processo. A agilidade organizacional é uma saída para esta reavaliação.
Mesmo que a tecnologia seja uma importante aliada nesse quesito, essa transformação vai além do uso de recursos e ferramentas digitais. Isso porque a ação envolve uma mudança de cultura e de gestão, que requer uma predisposição dos agentes envolvidos. Dessa forma, o caminho para buscar essa agilidade é colocar diferentes áreas conectadas no mesmo ritmo de trabalho.
E isso só é possível por meio da mudança da estrutura organizacional da empresa. O objetivo é gerar mais fluidez na otimização do trabalho, fazendo com que as atividades sejam mais rápidas e objetivas e, assim, novos horizontes possam se abrir para a linha de investimentos de cada empresa.
Para pavimentar essas mudanças, o setor pode contar com frentes avançadas inclusive, como o uso da telemedicina, da inteligência artificial, de processos modernos de gestão, relacionamento com pacientes e com farmacêutica, entre outras frentes que melhoram a fluidez desejada. A exemplo do que foi a pandemia, diferentes vozes sendo ouvidas oferecem soluções de maneira mais rápida.
E isso enfatiza o fato que a agilidade organizacional vem como ponto de apoio à nova cultura de gestão, ajudando todos os envolvidos da corporação a buscar entender cada dia mais sobre novos formatos de trabalho, bem como as necessidades de mercado. E, como resultado, favorecer a organização a uma melhor adaptação do negócio, ao mesmo tempo em que amplia a qualidade de trabalho de cada profissional e do atendimento a clientes.
Ani Angelini e Gabriel Pacheco são líderes do Studio Agile Organizations da Globant, empresa nativa digital focada em reinventar negócios por meio de soluções tecnológicas inovadoras