Artigo – Como a medicina baseada em evidência pode reduzir o desperdício e erros médicos

A pressão em torno do sistema de saúde pública no Brasil é gigantesca. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição Federal (CF) de 1988 seja reconhecido internacionalmente – afinal somos o único país com mais de 100 milhões de habitantes que tem um sistema de saúde único, público e gratuito – é fato que para que continue existindo, uma série de obstáculos precisam ser vencidos nos próximos anos. A despeito da escassez de recursos e dos baixos investimentos, não se pode desprezar o papel da medicina baseada em evidência na importante missão de permitir que as instituições de saúde, especialmente as da esfera pública, façam mais com menos.

A pressão em torno do sistema de saúde pública no Brasil é gigantesca. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição Federal (CF) de 1988 seja reconhecido internacionalmente – afinal somos o único país com mais de 100 milhões de habitantes que tem um sistema de saúde único, público e gratuito – é fato que para que continue existindo, uma série de obstáculos precisam ser vencidos nos próximos anos. A despeito da escassez de recursos e dos baixos investimentos, não se pode desprezar o papel da medicina baseada em evidência na importante missão de permitir que as instituições de saúde, especialmente as da esfera pública, façam mais com menos.

Em 2017, A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma iniciativa global para reduzir em 50% os danos graves e evitáveis associados a medicamentos em todos os países, nos cinco anos subsequentes. Esta iniciativa levou em consideração estudos que demonstravam que o custo global associado a erros de medicação estava estimado em 42 bilhões de dólares anuais, ou seja, quase 1% de todos os gastos de saúde globais.

Trazendo isso para o contexto do Brasil, se considerarmos o resultado do PIB brasileiro em 2019, de R$ 7,3 trilhões, podemos considerar as premissas de investimentos totais em saúde da ordem de R$ 584 bilhões, sendo deste total R$ 263 bilhões advindos da esfera pública. Pressupondo-se que o estudo da OMS encontre amparo e seja aplicável ao modelo de saúde brasileiro, pode-se estimar que R$ 2,63 bilhões são desperdiçados, anualmente, com erros de medicação.

Os erros médicos evitáveis são apontados como um dos principais vilões, pois além de representarem um custo do ponto de vista humano, eles oneram consideravelmente os gastos com a saúde e estão diretamente relacionados ao desperdício de recursos que acometem o sistema. Segundo um levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar da Universidade Federal de Minas Gerais (IESS-UFMG), todo ano, dos 19,4 milhões de pessoas tratadas em hospitais no Brasil, 1,3 milhão sofre pelo menos um efeito colateral causado por negligência ou imprudência durante o tratamento médico. O resultado são quase 55 mil mortes por ano no país, o equivalente a seis por hora por conta dos erros médicos. Mas, qual a solução? Como a tecnologia pode ajudar?

Soluções completas e com elevado grau de complexidade promovem saudável nível de maturidade, trazendo um resultado positivo e eficaz, tanto do ponto de vista clínico, como administrativo. Por meio do cruzamento das referências e a visualização de dados relacionados às medicações dos pacientes, apoiam os profissionais da saúde para que estes possam tomar decisões mais seguras sobre as medicações, reduzindo os eventos adversos. Implementar, por exemplo, uma solução de alertas inteligentes sobre potenciais conflitos na prescrição de drogas, dentro dos prontuários eletrônicos dos hospitais, pode ajudar na redução do desperdício, além de agir diretamente contra a incidência de erros médicos por medicação e a variabilidade do cuidado – problemas que preocupam o ecossistema de saúde.

Além disso, as ferramentas que possuem sistema de alertas podem auxiliar também a delimitar o mínimo e o máximo de dosagem a ser dada a cada paciente; identificar casos de interação medicamentosa; terapia em duplicidade; alergia ao medicamento; contra indicações de tratamentos em pacientes com determinada doença e restrições devido à gravidez, lactação, idade e sexo, etc.

Desta forma, o uso da medicina baseada em evidência e das soluções de suporte à decisão clínica são alternativas vantajosas no dia a dia das instituições de saúde, especialmente na esfera pública. Elas ajudam a assegurar, através de protocolos automatizados de apoio à decisão clínica, a segurança do paciente e dos profissionais envolvidos nos cuidados. Também colaboram para reduzir taxas de ocupação hospitalares por motivos de reincidência de internações decorrentes de erros de medicação e a prover a mais adequada terapia ao menor tempo possível, possibilitando redução no tempo de internações. Sem falar que aceleram o fluxo de trabalho e as interações entre médico-farmacêutico e, consequentemente, o início da terapia ao paciente.

Ou seja, o suporte a decisão clínica e a medicina baseada em evidência emergem como cruciais para reduzir os desperdícios, a incidência de eventos adversos e os erros médicos por medicação, além de aumentarem a efetividade clínica e a qualidade do cuidado.

 

 

 

Murilo Fernandes é Gerente de Canais & Alianças na Wolters Kluwer, empresa especialista no fornecimento de informações profissionais, soluções e serviços para médicos e enfermeiros

Redação

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