Artigo – Eles não querem saúde. O problema é seu?

Somamos mais de 600 mil mortes no Brasil. Os casos já superam 10% de nossa população, se aproximavam de 22 milhões. Morrem ainda, em média, 500 pessoas por dia. Talvez alguns avaliem que voltamos (ou chegamos próximos de retornar) à normalidade. Eu não. Vidas humanas são o que temos de mais importante. Não dormirei em paz enquanto o SARS-Cov-2 não for vencido.

A situação realmente não anda fácil para ninguém. Em especial para os que dependem apenas do sistema público de saúde. Falta de tudo, nem preciso enumerar, pois todos temos consciência desse problema crônico, histórico, e de como a população sofre para receber atendimento.

Ocorre que há indivíduos que olham exclusivamente o próprio umbigo. Não ligam se o que está ruim ficará ainda pior. Até colaboraram para o caos. Agora mesmo combato ataques à boa medicina e à saúde por parte de algumas autoproclamadas “lideranças médicas e autoridades”. Esse grupo quer alterar a nomenclatura de uma das mais elevadas instituições médicas do país: a SBCM – Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

A troco não se sabe do que, esses indivíduos querem que o nome da instituição mude para medicina interna. Qual a lógica disso? Vocês conseguem imaginar um paciente contando a um próximo: ‘Hoje tenho consulta no internista’?

Fato é que os cidadãos nos veem como os seus clínicos; uns nos chamam de clínicos geral. Nossa trajetória tem o realce do humanismo, do olhar prioritário ao doente e não à doença. Toda essa construção, repito, é patrimônio dos médicos que exercem a especialidade, do Sistema Único de Saúde e dos pacientes.

O interesse desse grupo não está nada claro, mas a falta de transparência é o carimbo que usam, inclusive buscando, no paralelo, ampliar a residência médica da especialidade para três anos. Uma manobra bem ao feitio de burocratas sem visão das necessidades científicas e de saúde dos brasileiros.

O conteúdo de nossa residência médica é cumprido com tranquilidade e excelência dentro de um biênio. Nossos especialistas, aliás, são referência em toda a Medicina. Repito: os clínicos médicos honramos e tornamos a SBCM um patrimônio dos pacientes e da Medicina nos trinta e um anos de existência. Não cederemos jamais.

 

 

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM)

Redação

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