Todo 16 de março é dia de comemoração para a Medicina e a Ciência do país. Celebramos, simultaneamente, o aniversário da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), que completa 30 anos, e o dia do Médico Clínico. Oficializada durante o 13º Congresso Brasileiro de Clínica Médica, em 2015, a data é responsável por destacar a especialidade com a maior quantidade de médicos titulados no Brasil. Só pela SBCM, esse número já passa dos 4.500 especialistas.
Apesar dos muitos obstáculos e desafios que cercam nossa profissão – desvalorização no Sistema Único de Saúde (SUS), má remuneração pelos planos de saúde, assim como a abertura indiscriminada de faculdades sem estrutura mínima adequada à boa formação –, sabemos que a Clínica Médica é a especialidade da competência diagnóstica, da prevenção, do tratamento cuidadoso e do afeto ao paciente. De salvar vidas e, quando não for possível, aliviar o sofrimento, garantindo qualidade à existência. Do olhar generoso e humanístico.
Aliás, entre os propósitos da SBCM, sempre esteve presente, desde sua criação em 1989, o compromisso em oferecer aos pacientes uma assistência não só humana, mas humanizada. Viemos também para tomar a defesa do maior contingente de especialistas do Brasil que, com muito empenho e amor à profissão, se coloca na linha de frente do atendimento da saúde brasileira.
Hoje, o clínico médico cumpre o papel do saudoso médico da família, buscando resgatar valores que estão sendo, gradativamente, esquecidos. Ele é, antes de tudo, especialista em gente. Nossos pacientes têm nome, rostos, famílias e históricos de vida. Esse é um relevante diferencial: gostamos de gente. Por isso, nos tornamos fundamentais à integração da prática da Medicina.
Pelo embasamento alcançado durante anos de estudo, somos o especialista capacitado a oferecer atendimento global aos pacientes, com uso racional dos exames laboratoriais. Em tempos de perda do potencial humanístico no ensino da Medicina, a ética, a moral, a postura e o compromisso são valores que ricos em nosso campo de atuação.
Um de nossos principais desafios continua sendo a busca pela qualidade de excelência no ensino. Carregamos em nossas mãos a responsabilidade de salvar vidas e, exatamente por isso, entramos na batalha de resgatar um modelo de formação adequado e que faça jus à boa prática.
Finalizo dizendo aquilo que sempre me motivou dentro da Clínica Médica e da Sociedade Brasileira de Clínica Médica: ser clínico requer alma, sensibilidade e humanismo. É necessário colocar em primeiro plano o amor ao próximo. O bom profissional é aquele com conhecimento e tato para tratar o paciente. Ele coloca o doente como prioridade, não a doença.
Parabéns, clínicos! Que este dia continue representando a nossa luta pelo fortalecimento dos ideais do humanismo e da relação harmônica entre médicos e pacientes.
Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM)