Artigo – Médico: profissional integrado na era da informação?

É nobre o ofício do médico, devotado ao cuidar do próximo, sendo responsável pelo diagnóstico das doenças e principais diretrizes de tratamento humano. Se voltarmos um pouco no tempo e refletirmos sobre o papel deste profissional ao longo dos anos, vemos como alguns fatores da progressão tecnológica têm impactado no exercício de sua função.

Antes da metodologia científica, do computador, da internet, da tecnologia de exames e tratamentos, era o apreço pela experiência própria adquirida, a disseminação da arte médica e o conjunto de melhores práticas que regiam os rumos da profissão.

Contudo, hoje, o rigor científico e a disseminação do conhecimento conferiram uma exigência a mais na prática médica, que nem sempre confere uma situação bem desenvolvida: a justificativa.

A tecnologia conferiu maiores possibilidades técnicas, melhor gestão de fluxos, responsabilidade compartilhada no tratar do paciente, forçando aquele profissional ainda treinado para um raciocínio lógico próprio a justificar as suas condutas.

Se informação é poder, então temos uma sociedade de poderosos. O problema é quando essa informação é errada, o que acontece com uma certa frequência.

O médico deve saber escutar, filtrar, rebater a desinformação, justificar sua visão e convencer seu paciente de que aquela será a melhor conduta.

Ou ainda mesmo trazer o paciente para o mesmo raciocínio clínico e propor diferentes alternativas ao seu cuidar, engajar o paciente em seu plano de cuidado.

A tecnologia aumentou a fiscalização e hoje temos mais juízes nas diversas áreas de conhecimento.

A autoridade do médico ainda existe, mas sob uma vigilância muito maior. Isso cria segurança e evita abusos, mas por outro lado gera confusão e cria outros riscos.

O médico é compelido a se comportar de maneira cada vez mais integrada, seja pelo paciente, gestão ou sociedade.

Há de se considerar que neste contexto, não podemos pensar em uma situação de extrema pressão, mas talvez em um cenário desafiante, ainda sob um fino equilíbrio entre preservar sua função milenar e atingir sua integração rumo ao próximo milênio.
Devemos pensar no futuro sem nos esquecermos da trajetória.

 

 

Dr. Guilherme Pereda é diretor médico da Healthcare Alliance

Redação

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