Artigo – Times de anestesia de alta performance

Todos nós ficamos maravilhados durante uma visita à Disney, na apresentação de uma orquestra filarmônica ou ainda em um show do Circo de Soleil, entre outros tantos espetáculos deslumbrantes. Todas essas exibições estupendas são frutos de trabalho em equipe, treinamentos contínuos quase extenuantes e análise sistemática das possíveis melhorias. São horas, dias, meses ou anos de dedicação em busca da perfeição para encantar o espectador, causando uma experiência multissensorial de agradabilíssimo impacto.

Mas o que isso tem a ver com um time de anestesia? Ora, também somos uma equipe, um grupo que, se bem treinado, reconhece suas fraquezas e identifica a necessidade de possíveis melhorias. Também podemos tornar a experiência do paciente e de seus familiares algo encantador.

Mas o primeiro passo para esse “encantamento” é a segurança. É preciso ter certeza de que o ambiente adota rígidos protocolos e que todos os colaboradores conhecem e aplicam essas medidas.

Além de se preocupar com a satisfação do paciente (cortesia, empatia, respeito com sua dor e de seus familiares), os times de anestesia devem ouvir as necessidades e apontamentos das equipes cirúrgicas.

Não por acaso e seguindo esta ordem de importância, esses são os pilares dos Princípios de Serviços da Disney: Segurança, Cortesia, Show, Eficiência e Diversidade.

Quando assumi a coordenação do departamento de anestesia do Vera Cruz Hospital, referência na região de Campinas (SP) e com destaque nacional, pensei: “O que mais podemos fazer para melhorar nosso departamento e ter a certeza de que estamos evoluindo?”

Rapidamente, nossa equipe percebeu que o caminho para avançarmos em melhorias e as evidenciarmos com dados confiáveis, analisados e auditados, seria a passagem por um Processo de Acreditação. Optamos pela Acreditação Internacional Qmentum. Ao longo de quase 20 meses, passamos por vários processos, treinamentos, ajustes, melhorias e desenvolvimento.

Criamos um Departamento de Qualidade em nosso time de anestesia, onde todos os dados são analisados, tratados e encaminhados através de boletins mensais a toda nossa equipe e stakeholders.

Analisamos mensalmente 20 indicadores, com foco em assistência, otimização de recursos, segurança, satisfação dos pacientes, familiares e cirurgiões.

Como naquela “orquestra filarmônica”, percebemos que cada um tem mais afinidade por um tipo de “instrumento” e que o maestro é fundamental, mas sozinho não faz nenhuma apresentação. Todos têm a mesma importância, seja tocando ou regendo, e o concerto só tem sucesso se o grupo estiver ensaiada, treinada, afinada, engajada e sempre disposta a melhorar e encantar.

O trabalho em equipe é fundamental, mas precisa ser multidisciplinar, envolvendo todas as áreas do hospital. É primordial fornecer constante feedback a todas essas áreas, pois elas sempre estarão envolvidas nesses ciclos de contínua mudança e melhorias.

E quem decidir capitanear esse processo enriquecedor de Acreditação nunca deve se esquecer da frase de Eileen Bistrisky: “O melhor líder não é o melhor em tudo. Ele procura pessoas melhores em diferentes coisas e coloca todas no mesmo time”.

Gabriel José Redondano Oliveira é médico anestesista, Coordenador do Departamento de Anestesia do Vera Cruz Hospital, de Campinas (SP) e Diretor-Presidente do GCA – Grupo Care Anestesia. Possui Título Superior em Anestesiologia/TSA, Título Europeu em Anestesia e Terapia Intensiva (EDAIC), Certificado de Atuação na Área da DOR (CAAD), pós-graduação em Terapia Intensiva e Anestesia em Pacientes de Alto Risco e MBA em Gestão, Inovação e Serviços em Saúde

Redação

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