Autocuidado pode se tornar política de saúde pública

Cuidar da própria saúde envolve fazer escolhas diárias e constantes 24 horas por dia, sete dias por semana. O Dia Internacional do Autocuidado, direito assegurado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é um bom momento para rever seus hábitos e tornar a sua vida mais saudável. A data, celebrada no dia 24 de julho, foi trazida para o Brasil pela Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (ABIMIP) e pode entrar no calendário oficial de eventos do país e tornar o autocuidado uma política de saúde pública ainda este ano.

Médico, com pós-doutorado na Universidade de Montreal (Canadá), o deputado federal Dr. Odorico Monteiro (PSB/CE) é autor do Projeto de Lei nº 9.714/2018, em tramitação na Câmara dos Deputados, que oficializa o Dia Nacional do Autocuidado. A iniciativa já conseguiu parecer favorável da Comissão de Seguridade Social e Família, que tem como atribuição apreciar propostas sobre saúde pública. A data pretende conscientizar e sensibilizar a população sobre a importância do tema, que atualmente está instituído em diversos países.

Monteiro acredita que haverá uma evolução dos cuidados em saúde: de um modelo dependente do médico em todas as fases e de pouco investimento na atenção primária para a um modelo de atuação multidisciplinar, incluindo uma participação mais ativa dos cuidadores e das redes de pacientes, com o médico focado na assistência especializada.

“Esse novo modelo é uma quebra de paradigma”, adianta. E inverter essa lógica, empoderar outros atores, educá-los sobre o uso responsável de produtos e serviços de saúde, em uma época em que os brasileiros estão envelhecendo rapidamente, é fundamental, para garantir autonomia e qualidade de vida. “Assim tornar o autocuidado uma política pública para promoção da saúde da população é essencial”, finaliza.

Prevenção e manutenção da saúde

O conceito de autocuidado está relacionado a uma abordagem multidisciplinar para cuidar da saúde e prevenir doenças, o que inclui o uso consciente de medicamentos isentos de prescrição (MIPs). Além disso, o autocuidado inclui também aspectos básicos como ter informações confiáveis sobre saúde e consciência das próprias condições físicas e mentais, praticar atividades físicas, dieta saudável, evitar atitudes de riscos para a saúde (como fumar ou consumir bebidas alcoólicas em excesso, por exemplo), bons hábitos de higiene e o uso consciente dos MIPs. Nesse aspecto, o papel do farmacêutico é essencial, pois é o profissional que orientará sobre a ação, benefícios e possíveis efeitos adversos dos medicamentos.

Os MIPs possibilitam a adoção de tratamentos com segurança, qualidade e eficácia comprovadas, para cuidar de sintomas e males menores já diagnosticados ou conhecidos, como dores de cabeça, resfriados e má digestão, ou como ferramenta essencial de prevenção, como é o caso de vitaminas e antioxidantes. Contudo, muitas vezes e erroneamente, são relacionados ao uso indiscriminado e à autoprescrição.

Assim é necessário se conscientizar que cada medicamento tem uma maneira de ser usado e que nem todos podem ser adquiridos sem receita. “Ao contrário do resto do mundo, no Brasil confundimos automedicação com autoprescrição, que é a prática incorreta de consumir medicamentos tarjados sem receita médica”, esclarece Marli Sileci, vice-presidente Executiva da ABIMIP (Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição).

No mundo

As doenças não transmissíveis, como ataques cardíacos, derrames, câncer, diabetes, doenças respiratórias, matam 40 milhões de pessoas a cada ano, o equivalente a 70% de todas as mortes no mundo. Ao mesmo tempo, as pessoas estão vivendo mais e convivendo com as morbidades ou comorbidades das doenças crônicas. Por isso, vários países estão utilizando o autocuidado para melhorar a atenção à saúde da população.

A OMS reconhece que a prevenção é a ação mais assertiva para lidar com essas enfermidades. A Comissão Europeia criou vários fóruns médicos e projetos pilotos para promover o autocuidado e a gestão de doenças crônicas. O Reino Unido, desde 2000, desenvolve políticas públicas, fóruns e serviços de saúde focados no autocuidado. A Austrália e a Nova Zelândia instituíram grupos locais e fóruns especiais para implementar políticas públicas e ações especiais. Já a China celebra o Dia do Autocuidado desde 2011 e conta com atividades e ações governamentais voltadas à prática.

Autocuidado

O autocuidado é um termo que envolve a tomada de decisões sobre a própria saúde, um direito do cidadão assegurado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O autocuidado envolve questões fundamentais, como higiene pessoal, nutrição, prática de atividades físicas, informação confiável sobre saúde, autoconhecimento, e hábitos sociais, além do uso consciente de medicamentos. Tomar remédio por conta própria, porém, deve ser uma prática responsável pautada em orientação e educação, para que o indivíduo conheça o próprio organismo e faça escolhas de forma eficaz e segura. Para isso, é preciso entender que nem todos os medicamentos disponíveis na farmácia podem ser tomados sem receita e da mesma maneira.

Redação

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