Iraci Sampaio Pinheiro, de 30 anos, fazia hemodiálise desde os 12. Durante a adolescência, ela morava longe de Salvador (BA) e o carro da prefeitura da cidade a buscava três vezes na semana às 2h da manhã para levar até a capital para receber o tratamento que lhe garantiu a vida por quase duas décadas. Voltava à casa apenas 16h. Agora tudo mudou, ela se sente muito bem e está preparada para uma nova etapa de conquistas. Em janeiro de 2020, ela recebeu o transplante de rim.
“Sou testemunha de Jeová, então somente faria o procedimento sem transfusão de sangue. Mas não tinha em Salvador. Há oito anos, surgiu a oportunidade de fazer em São Paulo. Entrei na fila em 2012, e seis meses depois, já tendo surgido o rim compatível, engravidei. Então desisti do órgão. Mas, infelizmente, com cinco meses de gestação, perdi o bebê. E eu sonhava muito ser mãe, então priorizei engravidar e segui fazendo a hemodiálise. Fui tentando até que em 2015, tive meu sonhado filho. Foi uma grande conquista ter uma boa gestação durante minha rotina de hemodiálise. Deu tudo certo, fui muito bem assistida na clínica. Então, somente em 2017, voltei para a fila do transplante. Aí tive que aguardar três anos. Minha mensagem para quem ainda dialisa é que muitos sonhos podem ser realizados nesse período também”, afirma.
Neste Dia Mundial da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, Iraci agradece a dupla chance de ter conseguido um rim compatível e refaz planos. Por conta da doença, ela nunca tinha conseguido trabalhar. “Agora que fiz o transplante, estou fazendo diversos cursos online por causa da pandemia. Design, cabeleireiro. Quero muito um trabalho que eu possa fazer em casa, para ficar também com o meu filho. Vencer o medo da cirurgia e chegar até aqui é uma grande vitória para mim. Apesar das dificuldades, a mente da gente muda. Dá uma vontade de viver bem!”.
Rita Barreto é diretora médica do Instituto de Nefrologia e Diálise (Ined), em Salvador, que acompanhou o tratamento renal de Iraci por muitos anos. A clínica integra uma rede de 36 unidades de serviço da Fresenius Medical Care, onde milhares de pessoas estão elegíveis a fazer um transplante e aguardam pelo rim.
“Aqui no Ined, dos cerca de 260 pacientes em Hemodiálise e dos 73 em Diálise Peritoneal, acredito que pelo menos 60% estariam aptos clinicamente para o transplante. Mas todos precisariam de uma avaliação pré transplante num centro transplantador para confirmar a viabilidade. São candidatos ao procedimento pessoas com até 75 anos, sem câncer em atividade há pelo menos 5 anos, sem doença coronariana não tratada, que não sejam portadores de imunodepressão e sem insuficiência cardíaca grave”, explica a médica nefrologista.
Enquanto o rim não chega, a missão da clínica é deixar o paciente com a melhor condição de saúde possível. “Nós oferecemos o que há de melhor em tecnologias, produtos e insumos para hemodiálise. Um tratamento diferenciado faz muita diferença. A água, por exemplo, usada durante a purificação do sangue nas máquinas, tem que ser muito pura e bem tratada. Os dialisadores utilizados têm que ser os melhores. Há muitos detalhes que impactam na qualidade de vida dos pacientes. Aqui nós temos acompanhamento nutricional, psicológico, fisioterápico e assistência social. É um cuidado muito amplo. E depois do transplante, fazemos tudo para que o paciente reduza seu risco de rejeição ao órgão”.