Brasil é referência para programa internacional de aleitamento materno

Pesquisadores da School of Health da Universidade de Yale estarão em São Paulo na próxima semana para discutir tendências de aleitamento materno durante o Encontro para a Promoção, Proteção e Apoio à Amamentação, que acontecerá de 7 a 9 de agosto, organizado pelo Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza, por meio do Centro de Referência em Alimentação e Nutrição (CRNutri). A data coincide com a Semana Mundial da Amamentação, celebrada anualmente pela World Alliance for Breastfeeding Action (Waba).

Durante o evento serão apresentados os resultados de uma pesquisa sobre amamentação exclusiva até os seis meses de idade (ou seja, quando o bebê ingere apenas o leite materno) na América Latina. De acordo com a pós-doutoranda da Universidade de Yale e uma das organizadoras da iniciativa, a pesquisadora brasileira Gabriela Buccini, o Brasil é uma das nações melhor posicionadas diante do tema. “O país saiu de 2,9% de aleitamento materno exclusivo, na década de 1980, para 37,1% em 2009, e 36,6% em 2013”, afirma.

Para a doutora, essa situação deve-se a um conjunto de fatores, como uma forte coordenação central do tema pelo Ministério da Saúde, a intensa ação de grupos da sociedade civil favoráveis à amamentação, a licença-maternidade de quatro meses (com possibilidade de extensão até o sexto mês) e a existência de bancos de leite, hospitais amigos da criança entre outros. A crise econômica dos últimos anos fez a posição do país ficar estagnada, levando à necessidade da aplicação de mais estímulos. Mesmo assim, a Politica Nacional de Aleitamento Materno ainda é um exemplo mundial.

Mapa da amamentação – O modelo bem-sucedido de incentivo à amamentação do Brasil serviu de inspiração para a elaboração do Breastfeeding Gear Model que deu origem ao projeto Becoming Breastfeeding Friendly (BBF), um conjunto de ferramentas de análise desenvolvido na School of Health de Yale pela equipe do professor de Saúde Pública Rafael Perez-Escamilla. O mecanismo mede a situação da amamentação exclusiva nos países, levando em consideração indicadores agrupados em cinco eixos temáticos (grupos de apoio, vontade política, legislação, financiamento e treinamento).

As informações coletadas levam a um indicador final, que diz se o país está pronto ou não para subir de grau em seus programas de amamentação. “O BBF tem sido um grande aprendizado para nós, especialmente na hora de propor ações que têm de levar em consideração os gargalos específicos de cada nação – em financiamento ou questões culturais”, afirma Gabriela. De acordo com ela, países desenvolvidos tendem a apresentar piores resultados, em razão do marketing e maior acesso a outras fontes de alimentos para bebês em substituição ao leite materno.

Os resultados do BBF orientam políticas para melhorar as taxas de amamentação, ou para dirimir eventuais obstáculos. O programa envolve governos, universidades e organismos da sociedade civil das nações envolvidas. Atualmente, a equipe de Yale acompanha oito países no programa: Alemanha, Escócia, Gana, Inglaterra, México, Myanmar, País de Gales e Samoa.

Além deles, o conteúdo e a metodologia do BBF estão disponíveis na internet, de forma que qualquer país que queira utilizar a ferramenta pode fazê-lo livremente. A página do projeto é publichealth.yale.edu/bfci.

Redação

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