Levantamento do HCor mostra que a busca de pacientes tabagistas por ajuda especializada para largar a dependência, durante o período de isolamento social, cresceu cerca de 30%, entre os meses de março e maio, quando comparado com os meses anteriores ao início da pandemia de Covid-19.
O cigarro é a principal causa de morte evitável no mundo e reduz, em média, 20 anos de expectativa de vida do fumante. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os tabagistas são considerados como grupo de risco para o novo Coronavírus, por estarem mais suscetíveis a infecções respiratórias. Pelo possível comprometimento da capacidade pulmonar, esse grupo ainda possui mais chances de desenvolver sintomas graves da doença.
Para acompanhar esses pacientes e ajudá-los na cessação do tabagismo, o HCor mantém o Programa Vida Sem Cigarro. No total, mais de 1.200 pessoas já foram atendidas por psicólogos, médicos e nutricionistas que fazem parte da equipe multidisciplinar e orientam o tratamento.
Para facilitar a adesão ao programa, as consultas são realizadas de forma remota, e o paciente pode acessar pelo computador ou celular. Cada sessão tem duração de 30 minutos e tratam todas as demandas relacionadas a dependência física e psicológica ao cigarro. Os pacientes também recebem material de apoio. Quando necessário, o médico pode prescrever medicações para auxiliar o tratamento.
No último ano, os resultados comprovaram a eficácia do programa. Ao final das 14 semanas de acompanhamento, mais de 80% dos pacientes alcança a abstinência e, deste total, 60% permanece sem fumar após um ano de tratamento.
“O tratamento é multidisciplinar e prioriza o bem-estar de cada paciente. De maneira individualizada, facilitamos o entendimento dos sentimentos que levam ao vício e das dificuldades em superá-lo. Além disso, este apoio é fundamental em casos de recaída, para que o paciente não desista de seu objetivo, e volte a fumar”, destaca Silvia Cury, gerente do núcleo de atendimento psicológico, que atua há mais de 36 anos na instituição.
Perfil dos pacientes
Segundo o levantamento, os fumantes acompanhados na instituição têm um grau alto de dificuldade para cessar o tabagismo. A grande maioria fuma menos de 10 cigarros ao dia, no entanto, a dependência psicológica aumenta a compulsão pelo ato de fumar.
“Percebemos que há maior resistência nos fumantes de cinco cigarros diários do que os pacientes acostumados a consumir um maço, devido a dependência psicológica – e não química, pela nicotina”, explica Cury.
De acordo com a psicóloga, as mulheres têm mais recaídas, pois a ligação com o cigarro é mais emocional, quando comparada aos pacientes do sexo masculino.
Os homens estão entre a maioria que procuram o programa (55%) e a idade média dos pacientes é de 45 anos – a faixa de idade atendida varia entre os 35 e 55 anos.