As cardiopatias congênitas são diferentes tipos de malformações no coração do bebê quando ele ainda está se desenvolvendo na barriga da mãe. Segundo dados do Ministério da Saúde, 1% do total de bebês que nascem no Brasil tem alguma cardiopatia congênita, ou seja, são cerca de 29 mil novos casos por ano. E, cerca de 23 mil dessas crianças precisarão de cirurgia no primeiro ano de vida. As cardiopatias representam 40% de todas as malformações ao nascimento. O tema foi abordado durante o 1° Simpósio de Cardiologia Perinatal do Hospital e Maternidade Santa Joana, referência em gestação de alta complexidade.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a cardiopatia congênita representa a terceira causa de óbito no período neonatal no Brasil. Além disso, nas regiões Sul e Sudeste, aproximadamente 80% das crianças cardiopatas são diagnosticadas e tratadas, enquanto nas regiões Norte e Nordeste a situação é diferente e até 80% dessas crianças não conseguem diagnóstico e tratamento.
Para Helenilce de Paula Fiod Costa, neonatologista e supervisora técnica da UTI Neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana, diagnósticos e tratamentos precoces contribuem para melhorar a qualidade de vida das crianças com cardiopatia congênita. “Por isso, o trabalho da equipe multidisciplinar de forma complementar e simultânea é tão importante”, compartilhou a especialista durante o evento.
O 1° Simpósio de Cardiologia Perinatal do Hospital e Maternidade Santa Joana ocorreu no dia 11 de junho de 2022. O encontro foi realizado em formato híbrido e contou com a participação de grandes nomes da cardiologia fetal e da cirurgia cardíaca pediátrica mundial, como Fátima Crispi, especialista da unidade de Cardiologia Fetal do BCNatal (Hospitais Clínic e Sant Joan de Déu), coordenadora científica do Barcelona Center for Maternal Fetal and Neonatal Medicine e professora associada da Universidade de Barcelona; Constancio Medrano Lopez, presidente da Sociedade Espanhola de Cardiologia Pediátrica e Cardiopatias Congênitas (SECPCC); e Dr. José Pedro da Silva, cirurgião-chefe do Da Silva Center, da UPMC (Children’s Hospital of Pittsburgh).
Na parte da manhã, o encontro contou com palestras sobre a cardiologia fetal, abordando entre os temas a importância da ecocardiografia fetal no pré-natal; as principais urgências em cardiologia fetal como arritmias cardíacas e obstrução do fluxo no canal arterial; implicações da avaliação genética na programação perinatal; além do papel da medicina fetal na monitorização do feto cardiopata, evitando a prematuridade.
Com foco na cardiologia neonatal, a segunda parte do Simpósio discutiu assuntos sobre as repercussões da infeção por Vírus Sincicial Respiratório (VSR) no bebê cardiopata; a persistência do canal arterial (PCA) no bebê prematuro; protocolo do diagnóstico clínico e tratamento farmacológico do PCA; tratamento percutâneo do PCA em prematuros por meio de cateterismo com o uso do dispositivo, chamado piccolo. Também, foram abordados os aspectos clínicos da cirurgia cardíaca em prematuros e os desafios nos recém-nascidos de baixo peso, bem como os avanços da cirurgia neonatal, além da nutrição da criança com cardiopatia congênita, que frequentemente possui distúrbios nutricionais associados a prognóstico mais crítico.
Ainda, participaram do evento a Dra. Marina Maccagnano Zamith, coordenadora da área de Ecocardiografia Fetal e Neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana; a Dra. Filomena Bernardes de Mello, neonatologista responsável pela UTI Neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana; o Prof. Dr. José Cicero Stocco Guilhen, cirurgião cardiovascular pediátrico chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital e Maternidade Santa Joana; a Dra. Monica Shimoda, cardiologista pediátrica e chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital e Maternidade Santa Joana; e o Dr. Antonio Fernandes Moron, ginecologista e obstetra e coordenador do Departamento de Medicina Fetal do Hospital e Maternidade Santa Joana.