A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que 17.010 mulheres devem ser diagnosticadas com câncer de colo de útero em todo o Brasil, em 2023 – são 46 novos casos por dia. Apenas no Paraná são esperados 790 diagnósticos. Se considerarmos todos os tipos de câncer, serão 483 mil brasileiros (as) afetados pela doença ao longo do ano.
Este é o quarto tipo de câncer mais frequente nas mulheres, atrás apenas dos de pele, mama e intestino. De acordo com o cirurgião oncológico, membro do Instituto de Cirurgia Robótica do Paraná, Dr. Reitan Ribeiro, a infecção por papilomavírus humano (HPV) pode ser responsável pela maioria dos casos de câncer no colo do útero. “Embora a maioria das infecções se curam sozinhas, assim como grande parte das lesões pré-cancerosas, ainda existe risco de a infecção se tornar crônica e as lesões causadas pelo vírus evoluírem para câncer de colo de útero. Geralmente demora de 15 a 20 anos para que essas lesões evoluam em mulheres com sistema imunológico normal, e de 5 a 10 naquelas imunossuprimidas”, explica.
O HPV é um vírus muito comum em todo o mundo e tem mais de 100 subtipos, sendo que pelo menos 14 são considerados de alto risco para o desenvolvimento do câncer de colo de útero, principalmente os tipos 6 e 11. O tratamento depende de fatores como a localização, o tamanho do tumor, idade e o desejo ou não de engravidar da paciente.
Segundo Reitan, em casos iniciais o tratamento pode ser feito de forma conservadora, com o uso de medicamentos, quimioterapia e radioterapia. “As cirurgias são reservadas para casos iniciais e podem variar desde a retirada local do colo, até cirurgias maiores com a retirada do útero e tecidos próximos. A indicação de quimioterapia e radioterapia normalmente ocorre em casos mais avançados.”
Entre os sintomas – que só ocorrem em casos avançados – estão a dor durante as relações sexuais, sangramento nos intervalos menstruais, corrimento intenso, dor pélvica, sangramento nas fezes e menstruação mais longa do que o de costume.
JANEIRO VERDE – O câncer de colo de útero é uma replicação desordenada do tecido que reveste o útero, chamado de epitélio. Pode ocorrer de duas diferentes formas: quando a lesão atinge o epitélio escamoso (mais comum) que representa 80% dos casos – ou em casos de adenocarcinoma, quando acomete o epitélio glandular e representa 20% dos casos. A campanha “Janeiro Verde” tem como objetivo conscientizar a população sobre a necessidade da prevenção.
Reitan alerta sobre o exame papanicolau. “Também conhecido como ‘preventivo’, deve ser realizado anualmente por todas as mulheres com vida sexual ativa, principalmente entre os 25 e 59 anos de idade. Ele é capaz de realizar o diagnóstico precoce, possibilitando um tratamento menos agressivo”.
CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA – É possível fazer a cirurgia para a retirada do câncer apenas com pequenos cortes, utilizando as tecnologias videolaparoscópica ou robótica, sendo a última indicada para casos mais complexos, segundo o cirurgião. “A cirurgia robótica pode ser empregada em alguns casos. A principal vantagem desta técnica está ligada a melhor preservação das áreas que não são removidas cirurgicamente, proporcionando à paciente melhores resultados funcionais – evitando afetar a qualidade das relações sexuais e preservando o controle da urina”, ressalta Reitan Ribeiro.