A comunidade científica do planeta está unida e empenhada na busca de um medicamento eficaz ou vacina que possa erradicar o Coronavírus. Esperança também surge nas pesquisas com uso de células-tronco mesenquimais – as mesmas encontradas no dente de leite das crianças, para amenizar os efeitos da doença nos tecidos.
Segundo os especialistas, as vesículas derivadas das células-tronco, denominadas exossomos, parecem ter capacidade de reduzir os processos inflamatórios exacerbados que podem surgir nos pacientes infectados pelo coronavírus. Dessa forma, seria possível amenizar os danos causados pela doença. “Estamos unidos à comunidade científica mundial e engajados nessa luta contra a Covid-19. São diversas as frentes de pesquisa, os testes são animadores. No entanto, ainda há muito a ser estudado. A doença é nova e desafia a ciência”, explica o cientista José Ricardo Muniz Ferreira, membro do International Society for Cellular Therapy e profissional à frente da RCrio – um Centro de Processamento Celular brasileiro especializado em isolamento, expansão e armazenamento de células-tronco obtidas a partir da polpa do dente de leite, sediado em Campinas, interior de São Paulo.
Diante da perspectiva da chegada de uma vacina para daqui a um ano e meio ou dois, hoje o tratamento da Covid-19 conta apenas com a intervenção de apoio no alívio dos sintomas e com a resposta imunológica de cada paciente que, em caso de comorbidades pré-existentes, pode causar a morte. “Esse cenário mobiliza grupos de cientistas e pesquisadores na busca urgente por uma resposta positiva no tratamento ou cura para barrar os ataques do coronavírus ao organismo. Esse processo inflamatório significativo no doente produz grandes quantidades de células ativas do sistema imune e de fatores inflamatórios, que podem levar à morte. Assim, a ideia de utilização de células-tronco tem como objetivo a redução dessa inflamação grave”, conta Muniz Ferreira.
As pesquisas apontam que um tipo de célula-tronco promissora para esse fim são as mesenquimais (CTMs), uma vez que experiências anteriores, realizadas em modelos animais, demonstraram que as células, ao serem administradas intravenosamente, possuem efeitos imunomodulatórios benéficos. “Alguns desses estudos mostram que transplantes de CTMs podem produzir melhoras do microambiente pulmonar, inibição da ativação exacerbada do sistema imune, reparo tecidual e proteção de células epiteliais alveolares, prevenindo fibrose pulmonar ou melhorando as funções pulmonares. Um estudo publicado por pesquisadores chineses na revista Aging and Disease corrobora essa ideia. Nesse material, sete pacientes com sintomas graves da doença foram tratados com transplante de CTMs e apresentaram melhora significativa, sem apresentação de reações adversas, com apenas dois dias de tratamento”, conta o cientista.
Até o momento existem 28 testes clínicos em andamento no mundo. No entanto, apesar dos resultados promissores, é necessária cautela para se evitar precipitações. “Foi utilizado um número pequeno de pacientes e em diferentes momentos da doença. Dessa forma, o uso de células-tronco ainda não pode ser indicado como forma robusta de tratamento. No Brasil, o laboratório de investigação pulmonar da UFRJ tem estudado a possibilidade do uso de CTMs contra a doença”, finaliza Muniz Ferreira.
O tratamento com células tronco tem resultado para o paciente covid já com o pulmão comprometido por fibrose?
Olá! Somos um canal de notícias. Para esclarecer sua dúvida sugerimos que entre em contato diretamente com um profissional de saúde.