Coalizão Covid-19 Brasil dá início a estudo com antivirais em pacientes com Coronavírus

O grupo Coalizão Covid-19 Brasil, formado por Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet), inicia em agosto o estudo Coalizão IX, que avalia a eficácia e a segurança de potenciais terapias com antivirais para pacientes com Covid-19. A pesquisa será conduzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Os medicamentos a serem testados já são aprovados para uso corrente em outras doenças virais, como AIDS e Hepatite C, e se mostraram muito eficazes em reduzir a carga viral do SARS-COv2 em estudos in vitro realizados pela Fiocruz. São eles: atazanavir (Grupo I), sofosbuvir associado ao daclatasvir (Grupo II) e somente daclatasvir (Grupo III). Estudos clínicos com esses medicamentos em pacientes com Covid-19 já foram iniciados no Irã, Egito, África do Sul e Argélia.

A pesquisa, que é a nona a ser realizada pela aliança (a iniciativa conduz nove estudos voltados a diferentes intervenções em pacientes infectados pelo novo coronavírus), testará se os antivirais isolados e/ou em combinação serão eficazes para tratar casos de Covid-19 em pacientes hospitalizados com doença moderada, observando a potencial diminuição da carga viral na primeira fase do estudo, seguida de uma segunda fase em que se avaliará melhora clínica através da quantidade de dias livres de suporte respiratório.

Serão recrutados, de forma aleatória (sorteio), participantes que estejam na primeira semana da doença, em 35 centros distribuídos nas regiões onde a pandemia está em ascensão. A estimativa dos pesquisadores é recrutar até 1012 pacientes em 90 dias, somando as duas fases do estudo.

A iniciativa conta com a colaboração de pesquisadores da Fiocruz e com a doação das medicações pelas indústrias Farmanguinhos e Blanver/Microbiológica.

Resultados do primeiro estudo

No dia 23 de julho, a Coalizão Covid-19 Brasil divulgou o resultado do estudo Coalizão I, que avaliou se a hidroxicloroquina, associada ou não à azitromicina, poderia trazer benefícios a pacientes adultos hospitalizados com formas leves a moderadas de Covid-19.

Publicada no periódico científico New England Journal of Medicine, a pesquisa indicou que as drogas não promoveram melhoria na evolução clínica dos pacientes. A avaliação do efeito do tratamento com hidroxicloroquina, com ou sem azitromicina, considerou como resultado principal o status clínicos dos 667 pacientes incluídos no estudo 15 dias após a inclusão.

Os outros estudos da Coalizão Covid-19 Brasil finalizados ou em andamento

  • Coalizão II – Avaliou casos de Covid-19 mais graves que necessitaram de maior suporte respiratório. Todos os pacientes receberam hidroxicloroquina, e de forma aleatória (sorteio), os pacientes foram alocados em dois grupos: um que recebia adicionalmente azitromicina, e outro que não recebia azitromicina (grupo controle). Todos os pacientes receberam tratamento padrão que incluía hidroxicloroquina. Em breve os resultados serão divulgados.
  • Coalizão III – Avaliou a efetividade da dexametasona para casos de Covid-19 com síndrome respiratória aguda grave. A dexametasona é uma medicação com ação anti-inflamatória. Inclusão de pacientes encerrada com 299 casos em 40 centros. Resultados devem ser publicados brevemente.
  • Coalizão IV – Está avaliando se a anticoagulação plena com rivaroxabana traz benefícios para pacientes com Covid-19 com risco aumentado para eventos tromboembólicos. Foram incluídos 53 de um total previsto de 600 pacientes em 40 centros.
  • Coalizão V – Está avaliando se a hidroxicloroquina previne o agravamento da Covid-19 em pacientes que não precisam de internação hospitalar. Foram incluídos mais de 600 de um total previsto de 1300 pacientes em 68 centros.
  • Coalizão VI – Avaliou se o tocilizumabe, um inibidor da interleucina 6, é capaz de melhorar a evolução clínica de pacientes hospitalizados com Covid-19 e fatores de risco para formas graves inflamatórias da doença. Inclusão de pacientes encerrada com 129 casos em 12 centros. Os pacientes estão sob acompanhamento clínico e os resultados deverão ser publicados em breve.
  • Coalizão VII – Está avaliando o impacto a longo prazo, após alta hospitalar, incluindo qualidade de vida, de pacientes que tiveram Covid-19 e foram participantes dos demais estudos da Coalizão. Em andamento. Foram incluídos 529 pacientes.
  • Coalizão VIII Avaliará se anticoagulação com rivaroxabana previne agravamento da doença com necessidade de hospitalização em pacientes com formas leves da Covid-19. Previsão de início de inclusão em setembro de 2020 (1.000 pacientes).
Redação

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