O aumento de mortes por infartos e AVCs, ao longo dos anos, e a gravidade das doenças cardiovasculares em mulheres, principalmente após a menopausa, têm pautado os encontros científicos da Cardiologia. Um terço de todos os óbitos femininos que ocorrem no Brasil é provocado pelas doenças do coração. No caso do infarto, o risco de morte é 50% maior entre as mulheres infartadas do que entre os homens. Já em relação ao AVC, de cada 10 mortes no Brasil, 5 são homens e 5 são mulheres. Há décadas essa proporção era muito menor e subiu 37% de forma desfavorável para elas.
O 42º Congresso de Cardiologia da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, que será realizado em junho, no Transamerica Expo Center, terá a participação especial da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (SOGESP) e da Associação Brasileira do Climatério. Uma manhã inteira será dedicada a discutir a saúde feminina com a participação de especialistas das duas áreas (cardiologia, ginecologia e obstetrícia).
O presidente do 42º Congresso, Walter Gomes, defende que esse debate precisa ser ampliado para que haja um impacto nos indicadores. “Só conseguiremos reduzir as mortes cardiovasculares em mulheres se houver uma maior conscientização sobre os fatores de risco, que são o colesterol elevado, a hipertensão, o diabetes, entre outros e, no caso das mulheres, a menopausa. E investiremos na amplificação do conhecimento científico para aprofundar as discussões em relação ao arsenal terapêutico disponível”, completa Gomes.
O simpósio conjunto entre os cardiologistas e ginecologistas será um primeiro passo nessa parceria entre as entidades médicas. “Estamos estudando a participação de cardiologistas nos eventos da SOGESP e Associação do Climatério e ainda tornar anual a presença deles em nosso evento”, completa.
Mais riscos
Outras situações de risco para o coração da mulher chegam a ocorrer não só durante a menopausa, mas quando as mulheres desejam ter filhos, na gestação. A pré-eclâmpsia e eclampsia, a hipertensão gestacional e a miocardiopatia periparto, além das cardiopatias pré-existentes, podem evoluir mal durante a gravidez e serem danosas para a mãe e o bebê. “O uso de anticoncepcional ou a combinação deste medicamento com o hábito de fumar também aumenta a chance de infarto ou AVC”, lembra Walter Gomes. Esses temas serão igualmente debatidos durante o Congresso da SOCESP.
O estresse – outro fator que prejudica o coração – é mais presente no universo feminino, segundo a pesquisa Saúde Cardiovascular da Mulher Brasileira, feita pela SOCESP. No estudo foi relatado que as mulheres são impactadas mais do que os homens pelo estresse: 51,6% das mulheres afirmaram ter sofrido um estresse muito importante durante o ano, enquanto para os homens, o índice foi de 37,3%. E isso aconteceu em todos os itens da pesquisa, como o estresse permanente domiciliar, no trabalho, em ambiente social e financeiro.