Os tremores podem ser bastante comuns, mas apesar de serem primeiramente associados ao Parkinson ou, muitas vezes, até serem considerados normais, também podem ser sintomas de diversas outras condições, entre elas, o tremor essencial. Esse tipo de tremor é bem mais comum que o próprio Parkinson, mesmo que passe “batido” por muita gente. Ele é um problema bastante frequente que afeta as mãos, a cabeça, voz e pernas e, assim, prejudica bastante a qualidade de vida.
O tremor essencial traz sintomas que podem comprometer o indivíduo no seu dia-a-dia, em tarefas como escrever, usar talheres, vestir-se, além de gerar constrangimento em situações de convivência social devido à pouca compreensão da sociedade em relação ao tema. Na doença de Parkinson, além dos tremores, ainda existem problemas como rigidez e lentidão na realização de movimentos. Ainda existe a distonia, que pode ser uma doença por si só, ou ainda um sintoma de outras doenças, caracterizada por movimentos parecidos com câimbras, torções e posturas incomuns, além do próprio tremor distônico; em alguns casos também pode ser dolorosa.
Mas uma técnica já utilizada há algum tempo, apesar de ainda pouco conhecida no Brasil, pode otimizar muito o seu tratamento, a chamada Estimulação Cerebral Profunda (ECP), mais famosa pelo seu termo em inglês, “DBS” (Deep Brain Stimulation), ou também conhecida como “marca-passo cerebral”.
De acordo com o Dr. Bruno Burjaili, neurocirurgião que realiza esse procedimento, a técnica pode beneficiar bastante muitas pessoas que tenham tremores, mesmo que pensem que a condição é natural.
“Em alguns casos os tremores são tão recorrentes, principalmente em situações de ansiedade ou estresse, que muitos acham que eles seriam ‘normais’. No caso do tremor essencial, isso pode acontecer em vários membros da família, então, muitos pensam que não há nada a ser feito, o que é uma ideia incorreta. É importante ter em mente que eles podem receber tratamento adequado, trazendo maior bem-estar a quem tem o problema, e permitindo que volte a fazer coisas que havia deixado.”
“A Estimulação Cerebral Profunda é, sem dúvidas, um procedimento que pode trazer grandes resultados no tratamento dos tremores e, justamente por isso, ela tem sido cada vez mais buscada”, explica.
Como funciona o tratamento?
“A cirurgia de ‘marca-passo cerebral’ é realizada através do implante de eletrodos com precisão milimétrica em determinadas áreas do cérebro, permitindo uma estimulação elétrica rigorosamente controlada. Ela é capaz de ajustar parte do funcionamento de regiões cerebrais responsáveis pelo surgimento dos sintomas de Tremor Essencial, Parkinson e Distonia”, explica Dr. Bruno Burjaili.
O impacto dos resultados da cirurgia na qualidade de vida do paciente
Como os tremores afetam bastante o indivíduo, limitando atividades básicas do seu cotidiano, a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda é vista, frequentemente, como um divisor de águas. Esses sintomas podem ser reduzidos drasticamente, como conta Antônio, paciente que realizou o procedimento com a equipe do Dr. Bruno Burjaili e notou uma grande melhora nos sintomas do tremor essencial.
“O tremor essencial é algo que me acompanha desde a juventude, foi ao longo dos anos piorando; eu tomava medicação, que foi sendo aumentada nas doses ao longo dos anos, porém sem melhora significativa. Nos últimos 5 anos, o tremor piorou significativamente, me causando muitos transtornos. Procurei então por um neurologista, que me sugeriu a cirurgia, e me encaminhou para o Dr. Bruno.”
“Após a cirurgia a redução dos tremores superou todas as minhas expectativas, os tremores não foram reduzidos, eles deixaram de existir, foi como um renascer, posso escrever com segurança, me servir de alimentos no restaurante, sem receios, trabalhar no computador, sem medo de errar e de forma rápida e precisa, como muito não acontecia”, conta Antônio.
Dr. Bruno Burjaili destaca a importância do acompanhamento médico para que cada caso seja avaliado de modo personalizado de acordo com a condição de cada paciente.
“Para haver uma indicação correta do procedimento, com os melhores resultados possíveis, precisamos entender que cada pessoa é única. O paciente e sua família podem se inspirar no sucesso de outros, mas apenas deve saber o que esperar para si mesmo após uma análise individual detalhada e um protocolo extremamente rigoroso.”
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