Esse ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil passou a disponibilizar para adolescentes entre 11 e 12 anos a vacina ACWY (conjugada). O imunizante protege contra quatro sorogrupos da bactéria Neisseria Meningiditis, A, C, W e Y, causadora da meningite meningocócica, doença grave, de rápida evolução e fatal em 5 a 15% dos casos, deixando sequelas incapacitantes em 12 a 20%.
Até o momento, o único sorogrupo coberto para toda a população pelo Calendário Nacional de Vacinação é o C, com doses na infância (para crianças entre 3 meses e 5 anos de idade) e uma dose de reforço em adolescentes (entre 11 e 14 anos). E para pacientes com hemoglobinúria paroxística noturna (anemia crônica caracterizada pela presença de células sanguíneas na urina) em uso do medicamento eculizumabe, o SUS já oferece a vacina ACWY, com proteção estendida.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) emitiu no dia 23 de junho um parecer preliminar desfavorável a ampliação do uso da vacina ACWY para adolescentes de 11 e 12 anos. E, desde o dia 24/06, a Conitec iniciou uma consulta pública para coletar opiniões da sociedade sobre este tema. A consulta é parte do processo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), que antecede a incorporação, exclusão ou alteração de medicamentos, produtos e procedimentos utilizados no SUS. Após analisar as contribuições recebidas, a comissão emite a recomendação final, que é encaminhada ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde (SCTIE – MS), que decide sobre quais tecnologias em saúde serão disponibilizadas pelo SUS.
“Como a circulação dos sorogrupos da meningite meningocócica é imprevisível, o meio mais efetivo de se proteger é pela vacinação”, explica o pediatra Dr. Marco Aurélio Sáfadi, membro da comissão técnica para a revisão de calendários vacinais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “O reforço da vacinação estendida nos adolescentes é essencial, porque mesmo que não adoeça, esse grupo está entre os principais transmissores da bactéria.”
A consulta pública, de número 23, estará disponível até o dia 13 de julho. Para contribuir, basta acessar: conitec.gov.br/consultas-publicas.