A fisioterapia é fundamental para o sucesso do tratamento de pacientes com Covid-19, principalmente para os internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela auxilia na manutenção das funções vitais dos diversos sistemas corporais ao atuar na prevenção e/ou tratamento das disfunções cardiopulmonares, circulatórias, musculares e neurológicas — o que reduz o risco de complicações clínicas e mortalidade, melhorando, assim, o prognóstico do paciente em estado grave, e, consequentemente, reduzindo o tempo de internação na UTI.
“A atuação do fisioterapeuta na UTI é indispensável, pois logo nos primeiros atendimentos realizados já surgem efeitos benéficos. Após a internação em UTI, o fisioterapeuta dá continuidade nos demais setores de internação e no serviço ambulatorial, promovendo a recuperação integral do paciente”, frisa Jaqueline Stammerjohann Friedemann, coordenadora da fisioterapia do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), que conta com uma equipe apta a atuar nas mais diversas áreas da fisioterapia. Os atendimentos são realizados de forma individual, após uma anamnese detalhada.
Fisioterapia respiratória e motora
Segundo Jaqueline, a fisioterapia respiratória na UTI visa prevenção e/ou tratamento de complicações respiratórias em pacientes críticos, promovendo a higiene brônquica adequada, através de manobras fisioterapêuticas e retirada passiva de secreções em casos de pacientes ventilados via aspiração de tubo orotraqueal (TOT) ou traqueostomia (TQT). As manobras também ajudam na expectoração em pacientes com prejuízo da higiene brônquica ativa. O fisioterapeuta realiza uma avaliação da oxigenoterapia, com o objetivo aumentar ou manter a saturação de oxigênio do paciente.
“O fisioterapeuta tem um papel importante na ventilação pulmonar do paciente, tanto invasiva quanto não invasiva. O profissional participa desde a montagem e avaliação diária das condições de filtros e circuito ventilatório, quanto auxilia nos ajustes dos parâmetros ventilatórios a partir da condição pulmonar e de exames. Também promove a melhora gradativa e garante o processo de retirada da ventilação (desmame) seguro, reduzindo o tempo de internação e do risco de falhas na extubação (retirada do tubo), o que é extremamente importante”, detalha a coordenadora.
Já a fisioterapia motora aplicada em pacientes com Covid-19 na UTI traz grandes benefícios ao que estão em estado crítico — entre os benefícios, o tratamento evita a atrofia muscular e mantém e/ou restaura e amplitude articular; previne lesões decorrentes do tempo de acamamento; alivia a dor; diminui ou previne edemas; melhora condicionamento cardiovascular e força muscular. “Sua aplicação também reduz o tempo de internação, restaura a funcionalidade para atividades de vida diária, estimula a mobilidade ativa fora do leito e prepara para a deambulação, quando o paciente tiver tais condições”, completa Jaqueline.
Case de sucesso no tratamento de AVC pós-Covid-19
Michelle Tsakiris Vieira, de 39 anos, enfermeira, esteve com Covid-19 no final de 2020. Após 14 dias, ela começou a apresentar sintomas de paralisia do lado esquerdo, dificuldade para andar e desconforto no hemiface D. No hospital, foi diagnosticada com Acidente Vascular Cerebral (AVC) pós-Covid-19. “Fiquei quatro dias na UTI, fiz cirurgia para tirar o trombo (coágulo), e depois permaneci no hospital por mais 10 dias internada”, relata.
Durante sua permanência na instituição, realizou os primeiros trabalhos para sua reabilitação com a equipe de fisioterapeutas da UTI e da unidade de internação. Foi traçada a melhor terapia que auxiliaria em sua independência funcional, visando ganho de força muscular, treino de equilíbrio e coordenação motora. “Não é uma doença fácil, a recuperação é bem lenta. Mesmo com mais de um mês após a Covid-19, a musculatura ainda fica flácida, mas graças ao tratamento multidisciplinar estou melhorando”, conta Michelle.
Após dois dias de alta hospitalar, a paciente deu continuidade em seu processo de reabilitação no ambulatório de fisioterapia do Dona Helena. Jaqueline relata que a enfermeira Michelle chegou apresentando sequela de paralisia do lado esquerdo, de predomínio braquial, e déficit de coordenação motora. “Com o objetivo de promover o fortalecimento muscular, realizamos treino proprioceptivo, de equilíbrio e de coordenação motora, além de exercícios faciais. Todo trabalho está sendo recompensado com o bom desempenho que a Michelle vem desenvolvendo: estamos tendo bastante resultados em sua recuperação”, elogia a coordenadora.