A palestra magna do 1º Congresso Virtual da SBPC/ML sobre “Resposta imune ao SARS-CoV-2: o novo desafio para a saúde global”, com o Prof. Dr. PHD. Andrea Cossarizza foi bastante esperada. Cossarizza é professor catedrático de Patologia Geral e Imunologia da Universidade de Modena e Reggio Emilia desde 2010, tendo sido professor associado desde 1998. Ele também é diretor da Escola de Especialização em Patologia Clínica e Bioquímica Clínica e vice-reitor da Faculdade de Medicina. Atual presidente da International Society for Advancement of Cytometry (ISAC).
Dr.Cossarizza, quando convidado pela Dra. Nydia Bacal para participar do 1º Congresso Virtual, conta que já esteve no Brasil algumas vezes, e relata que teve muita satisfação de conhecer alguns belos locais do país e conviver com pessoas alegres e gentis. Observamos que divide seu conhecimento com muita disponibilidade e está disponível para outros convites científicos, esperando que em breve possam ser presenciais.
Liderou com uma equipe o atendimento aos primeiros pacientes de Covid-19 no mundo e publicou uma série de estudos sobre a nova doença, a partir da observação de seus atendimentos e análises laboratoriais da imunidade humoral e celular desses doentes contribuindo para ajudar na compreensão da fisiopatologia dessa doença tão complexa.
Para ele, o principal desafio é entender o que faz alguns pacientes serem assintomáticos, enquanto outros desenvolvem a doença de forma tão grave. Quais seriam os mecanismos que fazem com que as crianças sejam poupadas? E qual o papel da imunidade?
Conforme o conhecimento da doença vem evoluindo, foram se identificando que o SARS-CoV-2 gera eventos patológicos diversos como a síndrome respiratória grave, que leva a falência múltipla de órgãos, assim como a baixa contagem de linfócitos (células de defesa do organismo) e a exaustão das células T (importantes linfócitos no sistema imunológico).
Segundo Cossarizza, o SARS-CoV-2 cria uma resposta imunológica bastante alterada. A Covid-19 muito semelhante a sepse catastrófica, com aspectos concomitantes de inibição, ativação e exaustão dos linfócitos responsáveis pela defesa celular e humoral (imunológica).
A hiperativação das células epiteliais e endoteliais podem ser estimuladas por infecções por este vírus que leva a hiperprodução da citocina (moléculas que participam da comunicação entre as células e desempenham um papel particularmente importante na regulação do sistema imunológico). Isso gera uma inflamação que chega às células no pulmão e outros tecidos. Essa inflamação também leva a uma coagulação anormal. A tempestade de citocina, que ao serem produzidas em níveis muito elevados prejudicam o funcionamento de outros órgãos como coração, rim, pulmões. Muito similar à sepse (doença potencialmente grave, desencadeada por uma inflamação que se espalha pelo organismo pode levar a falência de múltiplos órgãos). “Infelizmente isso não estava claro no início da pandemia e por isso perdemos muito pacientes naquele momento”, lamenta Dr. Cossarizza.
Especialmente nos idosos, foi observado ainda, uma exaustão e ativação dos linfócitos, o que justificaria a forma mais grave da doença.
Compreender a resposta imune, bastante peculiar e exuberante, tanto na produção dos linfócitos (células T, B) como o alto nível de citocinas podem representar um potencial alvo terapêutico a ser estudado.