Frente a percepção da diminuição dos cuidados com a Covid-19 e baixo índice vacinal no Amazonas, mais de 100 profissionais de saúde de três municípios do interior do estado participaram de cursos sobre vacinação durante os meses de agosto e setembro. As atividades, promovidas pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Iniciativa de Novos Parceiros, Ampliando Parcerias em Saúde (NPI EXPAND) e SITAWI (Finanças do Bem, foram realizadas com o objetivo de apoiar a qualificação dos profissionais de saúde da Amazônia, onde a pandemia da deixou grande número de mortes.
A gerente do Programa Saúde na Floresta (PSF), Mickela Souza, explica que os dados oficiais e analisados semanalmente pela FAS nos municípios onde a instituição atua demonstram um relaxamento nas medidas de prevenção da doença por parte da população, além do baixo índice vacinal. “Temos uma preocupação recorrente que é a Covid-19 e percebemos que a principal ferramenta de controle do vírus, a vacina, tem baixa aderência em comunidades e na Amazônia profunda”, comenta.
No interior do Amazonas, é comum a proliferação de mensagens com fake news sobre as vacinas, especialmente as desenvolvidas contra a Covid-19. “Fizemos uma rápida pesquisa entre nossos beneficiários, que relataram um grande número de mensagens recebidas via WhatsApp que desestimulam a vacinação contra o vírus”, afirma. Pensando nisso, um dos cursos realizados abordou conceitos, a importância e a história da vacinação, e o outro curso aprofundou a temática da cobertura vacinal, com panorama, desafios e estratégias para a aplicação da vacina. Ao total, foram 134 participantes das formações – duas realizadas à distância e uma presencial.
Para a gerente do programa, a realização do curso à distância tornou possível que profissionais de saúde, moradores de locais de difícil acesso, consigam complementar a sua formação e, assim, multiplicar o acesso a esse tipo de conhecimento no interior. A metodologia, com o uso de apostilas digitais para os cursos EAD e físico para o curso presencial, ocorrido em Iranduba, também permite que os profissionais possam consultar o material em outros momentos. “Ele pode, em suas horas livres, estudar o material disponível e testar conhecimentos”, explica.
Uma das estudantes foi Neila Santos, agente comunitária de saúde da Comunidade Ribeirinha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Iranduba. Ela falou sobre sua experiência e os pontos positivos do processo: “Foi extremamente enriquecedor e valioso para minha rotina de trabalho, pois poderei orientar meus pacientes e colaboradores com informações corretas durante as visitas domiciliares. Além disso, uma grande surpresa foi descobrir que esses ‘fakes’ sobre a vacina não começaram agora com a Covid-19, mas sempre existiram. Por ser EAD (Ensino a Distância), tenho mais praticidade para estudar onde e quando eu puder, conseguindo conciliar meu tempo de estudo, trabalho e possíveis imprevistos”, explica.
Mas ainda há desafios para os profissionais de saúde do interior. Outra aluna do curso foi Juziete Carvalho, da Comunidade Terra Santa, do mesmo município. Apesar de ter gostado bastante dos conteúdos e estar aprendendo muito, reconhece que as dificuldades são grandes por conta da difícil conexão de internet no município onde mora. “Além de minhas atividades diárias, só consigo me conectar quando saio de casa e vou ao ponto de telessaúde da comunidade, onde realizo a captação dos vídeos para estudar. E sem esquecer que preciso fazer pela parte da madrugada. Então, está sendo um grande desafio, ao mesmo tempo que excelente”, ressalta.
Já Ronilson Santos, agente comunitário de saúde da Comunidade Terra Preta, área rural de Manaus, comemorou sua adaptação ao EAD: “No início tive algumas dificuldades em acessar a plataforma, ler os arquivos e realizar as atividades, porque não tinha experiência com a modalidade, mas recebi auxílio dos profissionais e me adaptei. Agora estudo em três cursos EAD, graças a essa experiência”, frisa.
Projeto
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Iniciativa de Novos Parceiros, Ampliando Parcerias em Saúde (NPI EXPAND) e SITAWI (Finanças do Bem) formaram uma parceria para apoiar a Resposta à Covid-19 na Região Amazônica Brasileira. A Resposta à Covid-19 na Amazônia Brasileira fase 2 é uma iniciativa que envolve organizações da sociedade civil em parcerias estratégicas para alavancar soluções inovadoras e escaláveis para reforçar a resposta rápida à Covid-19.