Covid gera sequelas silenciosas que atingem principalmente pulmões, coração e rins

A recuperação do paciente Covid não termina no momento da alta. Depois de superar a doença, é preciso investigar e tratar possíveis sequelas. Muitas delas evoluem silenciosamente, resultando em danos graves à saúde. Embora mais frequente em pacientes hospitalizados, as sequelas da Covid são encontradas até em pacientes que tiveram apenas sintomas leves ou foram assintomáticos.

A origem do problema está no processo inflamatório desencadeado pelo novo Coronavírus. Assim que o organismo do paciente detecta a presença do vírus, mecanismos naturais de defesa são acionados para combater a doença, gerando uma inflamação que pode afetar órgãos vitais.

“Cada pessoa tem uma resposta inflamatória diferente. A evolução é individual. Pulmões, coração e rins são os órgãos mais atingidos”, explica o Dr. Heron Rached, coordenador de Cardiologia do novo Centro de Tratamento Pós-COVID do Grupo Leforte.

No coração, o problema mais frequente é a miocardite. Recente estudo publicado pelo JAMA Cardiology, um dos periódicos científicos mais relevantes da especialidade, sugere que essa complicação acometa até 60% dos pacientes recuperados da Covid, no período de dois a três meses após a doença. A miocardite consiste na inflamação do tecido muscular do coração, que prejudica o seu funcionamento e compromete o bombeamento de sangue e nutrientes pelo corpo.

“Há também as arritmias, mas muitas vezes elas já são uma consequência da miocardite”, afirma o Dr. Heron. Essas complicações cardíacas podem evoluir para situações mais graves e até causarem ou estarem ligadas ao óbito do paciente, em associação a outros problemas de saúde.

O grande desafio é identificar a sequela cardíaca precocemente, pois o início de sua evolução costuma ser silenciosa, sem sintomas. Quando os primeiros sinais aparecem e levam o paciente de volta ao hospital, a sua saúde pode já estar mais debilitada e, por consequência, o tratamento e a recuperação acabam se tornando mais desafiadores.

Por isso, o Grupo Leforte criou um Centro de Tratamento Pós-COVID, nos hospitais Leforte Liberdade e Leforte Morumbi, em São Paulo, com o intuito de garantir uma recuperação completa aos pacientes acometidos pela doença. O centro conta com avaliação individualizada do paciente por equipe multiprofissional, composta por cardiologistas, pneumologistas, nefrologistas e nutricionistas. São realizados exames prévios, como ecocardiograma, eletrocardiograma e tomografia do tórax, que podem ser combinados com outras investigações, conforme a necessidade.

Isso permite estipular o risco de futuros desdobramentos à saúde do paciente recuperado da Covid-19. “Desenvolvemos protocolos específicos para esse paciente, com acompanhamento e exames no período pós-alta, para que possamos identificar precocemente o surgimento de eventuais sequelas”, esclarece o cardiologista. Quanto mais cedo for o diagnóstico, maior a chance de o paciente se recuperar totalmente.

Redação

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