Dia Mundial da Saúde Sexual: prazer e autocuidado como direitos individuais

No Dia Mundial da Saúde Sexual, celebrado no domingo, 4 de setembro, a AIDS Healthcare Foundation – AHF Brasil se une ao chamado global para discutir sexo, prazer e autocuidado como estratégia para reduzir o impacto de 1 milhão de novos casos de infecções sexualmente transmissíveis e 4 mil novos casos de HIV que ocorrem todos os dias no mundo, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).

Como membro da Associação Mundial para Saúde Sexual, a AHF defende que a promoção do prazer e dos direitos sexuais estejam presentes nas leis e regulamentos dos países, como parte fundamental do bem-estar de cada pessoa, abrangendo os conceitos de privacidade, integridade física, igualdade e combate à discriminação.

“Pessoas que promovem a saúde pública devem reconhecer que qualquer ação voltada ao autocuidado e ao prazer resultará na redução dos casos de IST e HIV, incentivando atitudes coletivas e individuais de prevenção. Isso nos obriga a reconhecer as barreiras culturais e econômicas para a expressão sexual e, portanto, ao bem-estar sexual”, diz Miriam Ruiz, diretora de Prevenção e Testes Rápidos da AHF América Latina e Caribe.

Para garantir a saúde sexual, é preciso promover a educação, o autocuidado e o prazer sexual, desmistificando debates sobre temas relacionados às experiências eróticas e emocionais de cada pessoa. “Somente através de práticas conscientes de autocuidado é que vamos melhorar a saúde sexual das comunidades. E isso será alcançado se elas forem capacitadas através de uma educação sexual abrangente, que reconheça o direito ao prazer e a autodeterminação”, acrescentou Miriam Ruiz.

ISTs e HIV, chave para melhorar a saúde pública

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que em 2020 houve cerca de 374 milhões de novos casos entre as principais IST: clamídia (129 milhões), gonorreia (82 milhões), sífilis (7,1 milhões) e tricomoníase (156 milhões). Por si só, essas IST aumentam o risco de infecção pelo HIV.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 4,6 milhões de pessoas vivem com sífilis nas Américas e, em 2021, foram registrados aproximadamente 30 mil casos de sífilis congênita na região.

Por sua vez, o UNAIDS estimou 1,5 milhão de novos casos de HIV em 2021 – a maioria poderia ter sido evitada com o uso de preservativo na relação sexual.

No Brasil, segundo a ONU, ao menos cinco pessoas foram infectadas pelo vírus HIV a cada hora em 2021. São 960 mil pessoas vivendo com o vírus no maior país da América Latina, onde 13 mil pessoas ainda morrem todos os anos em decorrência da aids.

E, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 1 milhão de pessoas afirmaram ter tido diagnóstico de IST no país em 2020.

“Esses números, além de significarem a deterioração da qualidade de vida das pessoas, representam um aumento do investimento no Sistema Único de Saúde para diagnóstico e tratamento de doenças que podem ser prevenidas. Isso, consequentemente, acaba se refletindo em menor cobertura de saúde para um grande contingente de pessoas”, avalia Beto de Jesus, diretor da AHF Brasil.

Direitos sexuais na agenda de saúde pública

A Declaração dos Direitos Sexuais da Associação Mundial de Saúde Sexual (WAS) foi originalmente proclamada no 13º Congresso Mundial de Sexologia em Valência, Espanha, em 1997. Após algumas revisões e atualizações, sua versão mais atual foi foi aprovada pelo Conselho Consultivo da WAS em 2014.

São 16 tópicos que defendem, basicamente, o direito a igualdade, não-discriminação, liberdade, informação, segurança, autonomia, integridade e privacidade, entre outros. Conheça a íntegra da Declaração de Direitos Sexuais no link (em espanhol e inglês).

Redação

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