Estudos realizados pela Planisa e DRG Brasil mostram que foi consumido, somente em diárias evitáveis de leitos hospitalares, aproximadamente R$ 1,28 bilhão. Os levantamentos mostram a necessidade de transformar os modelos econômicos e assistenciais que garantam, de maneira perene, a sustentabilidade do setor pela entrega de valor ao paciente.
Em 2019, a Planisa apurou o custo mediano de R$ 715,60 referente a uma diária de internação em unidade não crítica, em 80 hospitais brasileiros. Já estudo recente do DRG Brasil, intitulado “Diretrizes para um Sistema de Saúde Baseado em Valor”, foram avaliadas 501.821 internações hospitalares que consumiram 1.801.177 diárias, sendo que, destas, 678.997 poderiam ter sido evitadas, o equivalente a 37,7% de todas as diárias hospitalares consumidas para tratar os pacientes da população estudada. “Se aplicarmos os dados do DRG Brasil e da Planisa concluímos que foram consumidos, somente em diárias evitáveis, aproximadamente R$ 1,28 bilhão, recurso que poderia ser compartilhado pelas diversas partes interessadas do sistema de saúde brasileiro”, fala o diretor técnico da Planisa e especialista em gestão de custos hospitalares, Marcelo Carnielo.
Atualmente, em um modelo de pagamento fee for service (pagamento por serviço), o sistema de saúde entrega volume, cuidado fragmentado e desperdício, deixando como principais perdedores os pacientes e a fonte pagadora, pontua Carnielo. “Com a pandemia, o fee for service fez sua mais nova vítima, o setor hospitalar, em especial da saúde suplementar. Enquanto as operadoras de saúde registraram taxa de sinistralidade de caixa de 66%, ante valores próximos a 80% no mesmo período em 2019, os hospitais privados enfrentam queda de 30% a 40% das suas receitas”, destaca o especialista.
Na avaliação de Carnielo, uma das alternativas para superar a situação seria a mudança do modelo tradicional de remuneração, o fee for service conta aberta, para pagamento baseado em valor, sendo parte deste pagamento por global budgets (Orçamentos Global), que permitem maior previsibilidade financeira tanto para os hospitais, quanto para as operadoras de saúde e parte por bônus variável de acordo com metas de eficiência e resultados assistenciais. “Este modelo já é praticado amplamente pela esfera pública e nesta linha de financiamento surgiram as Organizações Sociais de Saúde”, explica o especialista. “O orçamento e o bônus se baseariam no histórico recente da volumetria das internações da unidade hospitalar, controlado e com preços ajustados pela variação da complexidade e criticidade, o case mix da população atendida no hospital”, completa Carnielo. O case mix é uma medida de complexidade e criticidade assistencial hospitalar baseada na idade, doença que determinou a internação, nas doenças pré-existentes e nos procedimentos realizados, usado em todo o mundo desde a década de 80 e mensurado pela metodologia DRG (Diagnosis Related Groups).
“O setor de saúde brasileiro tem solução através de uma nova concertação entre as partes interessadas em um modelo que garanta ganhos para todos e a entrega de valor ao paciente”, conclui Carnielo.