Acolhimento de pacientes, escuta sensível de familiares e fortalecimento de vínculos. Atividades assim se repetem na rotina de assistentes sociais que estão presentes nos corredores, quartos e portas de entrada do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR). Quem chega para receber algum tipo de atendimento, muitas vezes está inconsciente ou apresenta dificuldades de fala, e é nessa hora que os profissionais entram em ação. Em um momento de fragilidade e dor, o serviço social não mede esforços para buscar pela família e garantir os direitos de cada paciente. Para além da intermediação do contato, a missão diária é tornar o ambiente hospitalar mais humano e acelerar o processo de cura.
Os assistentes sociais assumem o papel de se colocar no lugar do outro, com o objetivo de entender suas necessidades e perspectivas. Nos bastidores do hospital com atendimento 100% via SUS, Kátia Schmeing e Caroline Ferreira Borges fazem parte de uma equipe de doze assistentes sociais que se dedicam diariamente a cumprir suas funções, certos de que poderão fazer a diferença e ser a acolhida indispensável em qualquer hora. Assim como outros colegas de profissão, elas escolheram a área movidas pelo sentimento de empatia, que transforma-se em empenho para levar à população os conhecimentos necessários para a garantia dos seus direitos. “Todos os dias, precisamos ponderar e compreender a realidade social de cada um, interferindo da melhor forma possível”, afirma Kátia, que lidera o serviço social do Hospital Universitário Cajuru.
Jornada incansável
O trabalho dos assistentes sociais começa no momento que o paciente chega ao hospital. A equipe discute e elabora um plano de ação, incluindo desde os pontos mais delicados da situação até a necessidade de encaminhamentos para serviços públicos. A assistente social Kátia Schmeing explica que, após a identificação do paciente, é feito contato com a família. “Caso a pessoa não esteja consciente, a equipe busca por documentos pessoais e inicia a busca por familiares com base nos dados cadastrados em sistemas integrados de saúde. Contudo, quando não há documentos de identificação e demora na melhora, o serviço social pede, por ofício, que o Instituto de Identificação, da Polícia Civil, faça a coleta das digitais e as coloque no sistema em busca de pessoas compatíveis. Caso isso ocorra, as informações são enviadas ao hospital”, detalha.
Fundamentais na garantia da atenção integral à saúde dos pacientes, os assistentes sociais trabalham em conjunto com uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais da saúde. Um dos papéis importantes desempenhados pelo serviço social é auxiliar os pacientes e suas famílias a entenderem os procedimentos médicos e os cuidados após a alta hospitalar. “Durante a reunião entre a equipe médica e a família, há um momento em que precisamos falar sobre o quadro clínico do paciente e seu prognóstico. Ali, é comum a família questionar sobre os cuidados futuros e sentir-se insegura com relação à desospitalização. Essa é a hora em que a presença do serviço social faz toda diferença porque garante que o paciente tenha acesso a todo o suporte social disponível”, aponta o médico Ronnie Barreto Arrais Ykeda, coordenador dos cuidados paliativos do Hospital Universitário Cajuru.
Lidar com a morte de pacientes e acompanhar o momento que essa notícia é dada para seus familiares é uma das situações mais delicadas na rotina do serviço social hospitalar. Para isso, a assistente social Caroline Ferreira Borges conta que é preciso ter empatia e sensibilidade, além de estar preparado para oferecer o apoio necessário nesse momento difícil. É um trabalho realizado junto com a equipe médica, que muitas vezes precisa do suporte do assistente social para orientar familiares sobre procedimentos legais e funerários. “Esse trabalho integrado permite que as demandas de cada paciente sejam avaliadas de forma ampla e individualizada, garantindo um atendimento mais humanizado. A colaboração entre os profissionais é fundamental para agirmos corretamente com cada momento, desde um óbito até a alta hospitalar”, ressalta.
Movidos pela paixão
Para compreender cada indivíduo, os assistentes sociais utilizam seus instrumentos de batalha que incluem habilidade e técnica adquiridos ao longo de anos de estudos, aliados ao amor ao próximo. “Já coleciono histórias de pessoas que voltaram para o convívio familiar depois de mais de 20 anos, apenas porque demos o pontapé inicial e colocamos o paciente em contato com a família. Por isso, sou apaixonada pelo trabalho de procurar os familiares de cada um que está internado no hospital”, revela Caroline. O esforço dos assistentes sociais do Hospital Universitário Cajuru é apenas uma amostra do que esses profissionais fazem diariamente em instituições de todo o país. Eles firmam um compromisso em prol da sociedade, com um olhar voltado para o próximo e o intenso desejo de dar apoio aos pacientes e suas famílias, garantindo o acesso não apenas ao tratamento médico, mas também a serviços e recursos que possam ajudá-los em sua jornada de recuperação. “Tudo começa com a compreensão da realidade que os cercam, entendendo as diferenças entre os indivíduos e as camadas sociais. Além disso, precisamos deixar claro que eles podem confiar na instituição e que não estão sozinhos nesse momento difícil”, conclui Kátia.
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