Os resultados dos testes da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford, em colaboração com a AstraZeneca, demonstraram que a vacina é capaz de induzir uma resposta imune robusta com produção de anticorpos protetores e mediada por células T. A imunogenicidade, ou seja, a capacidade de produzir anticorpos neutralizantes foi semelhante tanto em idosos (com 70 anos ou mais) quanto em grupos de pessoas entre 56 a 69 anos. A reatogenicidade e reações adversas foram menores entre os idosos.
“Esses resultados são de grande importância, visto que a resposta imunológica em pessoas idosas tem sido alvo de preocupação por parte dos pesquisadores, e constitui um dos maiores desafios durante as pesquisas”, afirmou a imunologista e PhD em doenças infecciosas, Dra. Lúcia Abel Awad.
Sobre a morte de um voluntário brasileiro que participou dos testes da vacina de Oxford, a imunologista comentou, “como médico, ele trabalhava na linha com pacientes infectados com Covid-19 e, após uma rigorosa análise e investigação realizada por um Comitê Internacional de Avaliação de Segurança independente, juntamente com a Anvisa e a Unifesp, foi constatado que o voluntário não havia recebido a vacina, e sim o placebo. Essa revisão é importante, uma vez que não gera dúvidas sobre a segurança do estudo”, alertou a especialista.
Com relação à obrigatoriedade da população brasileira em tomar a vacina, o tema é controverso e tem encontrado opiniões conflitantes. Na opinião da imunologista, neste momento da pandemia é preciso aguardar os testes das vacinas. “Ainda é muito prematuro adotar critérios de obrigatoriedade. A partir do momento que os resultados das vacinas em testes, envolvendo um grande número de pessoas, se mostrarem seguras, eficazes e não apresentarem efeitos colaterais relevantes, aí sim será o momento propício para a discussão sobre a obrigatoriedade”, afirma ela.
Ainda de acordo com a imunologista, o Programa Nacional de Imunização no Brasil preconiza a obrigatoriedade da vacinação em crianças, sendo um pré-requisito para matrículas em escolas. Ela lembra também, que em fevereiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto lei onde tornou obrigatória a vacinação em pandemias.
“É notável que o desenvolvimento de vacinas requer muitos desafios até a fase final de comprovação quanto à segurança e à eficácia. Por isso devemos continuar com as medidas de proteção, uso de máscaras, higienização com álcool gel e distanciamento social, até que os estudos sejam finalizados e concluídos. Todos querem uma vacina, estamos no caminho certo, mas devemos entender que os protocolos devem ser seguidos rigorosamente, sem atropelos e, acima de tudo, com respeito ao tempo da Ciência”, conclui a especialista.