É preciso esclarecer morte de mulher por raiva humana na Paraíba

A morte, em 13 de julho, de uma mulher de 68 anos por raiva humana, no município de Riacho dos Cavalos, Paraíba, noticiada pela imprensa, precisa ser devidamente esclarecida, salienta Neuza Maria Frazatti Gallina, vencedora do Prêmio Péter Murányi 2010, edição Saúde, com o trabalho “Vacina Contra a Raiva Produzida em Meio Livre de Soro”. Segundo as informações divulgadas pela mídia, a idosa foi mordida por uma raposa em 8 de abril. No dia seguinte, teria procurado atendimento médico em uma UBS (Unidade Básica de Saúde).

“A primeira e fundamental pergunta: se foi mesmo atendida por um profissional da saúde, por que não lhe foi administrado o soro e as doses de vacina conforme protocolo descrito, nas normas do Ministério da Saúde para acidentes com animais silvestres? O documento “Técnicas de Profilaxia da Raiva Humana do Ministério da Saúde” está disponível na internet para ser consultado por qualquer profissional de saúde. Se estes imunobiológicos não estavam disponíveis na UBS, a paciente deveria ter sido encaminhada imediatamente a uma unidade de saúde que tivesse disponibilidade deles, para que o médico responsável prescrevesse o número correto de doses de soro e vacina contra a raiva humana, estabelecidos nas normas técnicas do MS. O protocolo a ser seguido pelo médico, depende das características e gravidade dos ferimentos”, explica a pesquisadora. Ou seja, comprovado o atendimento da mulher na UBS no dia seguinte ao do acidente, terá ocorrido, então, a falta de conhecimento do profissional de saúde em relação à doença ou um grave caso de negligência médica.

Ainda segundo a imprensa, a mulher, passados dois meses desde o ataque da raposa, foi internada, já com sintomas da doença, no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB). Porém, nesse estágio da doença, a cura da raiva já é quase que totalmente impossível, pois o vírus rábico já atingiu o sistema nervoso central da pessoa infectada. Há um tratamento experimental que foi desenvolvido por um médico brasileiro (Dr. Rodney Willoughby Jr) nos Estados Unidos, chamado de “Protocolo de Milwaukee” que é aplicado em pacientes já com os sintomas da doença e conseguiu salvar algumas poucas pessoas. Entretanto, a maioria delas ficou com sequelas neurológicas. Este protocolo foi adaptado aqui no Brasil e recebeu o nome de “Protocolo de Recife” pois foi aplicado pelo grupo coordenado pelo Dr. Gustavo Trindade Henriques Filho, em um paciente de 15 anos com sintomas da raiva após ser mordido por um morcego e, o adolescente apesar de ficar com sequelas neurológicas, sobreviveu. O protocolo recebeu este nome porque foi aplicado na Unidade de Terapia Intensiva do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco, em Recife-PE

A cura da doença acontece muito raramente e deixa sequelas. Por isso, a idosa, mesmo recebendo o tratamento do “Protocolo de Recife” faleceu. “Um óbito que teria sido evitado se ela tivesse tomado o soro e vacina nos primeiros dez dias após ser mordida”.

É necessário conscientizar a população sobre a necessidade de procurar imediato atendimento médico em caso de mordida ou ferimento provocado por animais domésticos e principalmente pelos silvestres. A maioria dos cães e gatos são vacinados contra raiva, mas não há este tipo de vacina para animais silvestres. Devido ao desmatamento, muitos mamíferos silvestres, tais como macacos, cães selvagens, raposas e principalmente os morcegos estão presentes não só na zonal rural, como também nos centros urbanos. Morcegos caídos no chão têm grande chance de estarem contaminados pelo vírus da raiva, é importante não tocar no animal. A população deve evitar o contato silvestres, não só pela transmissão do vírus da raiva, mas também outros vírus que podem causar sérias doenças ao homem. Qualquer contato ou acidente com um animal silvestre ou doméstico desconhecido ou suspeito, a pessoa deve procurar imediatamente uma unidade de saúde. A raiva também é transmitida através de arranhões e pela saliva do animal.

Inscrições abertas edição Educação

O Prêmio Péter Murányi está com inscrições abertas para a sua 20ª edição de sua premiação. Focado em “Educação”, a iniciativa distribuirá R$ 250 mil, sendo R$ 200 mil para o trabalho vencedor, R$ 30 mil e R$ 20 mil para o segundo e terceiro colocados, respectivamente. Os interessados podem enviar seus trabalhos até o dia 31 de outubro de 2020.

Para a inscrição, o trabalho precisa ser indicado por uma instituição, sediada no Brasil, cadastrada junto à Fundação e atender a três critérios fundamentais: ser inovador, ter aplicabilidade prática e resultados comprovados sobre seu impacto positivo para as populações de regiões em desenvolvimento. Importante destacar que a participação é gratuita e o prêmio é entregue ao autor ou autores dos projetos. O edital e o formulário para participação estão disponíveis no site www.fundacaopetermuranyi.org.br.

Redação

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