Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que o número de embriões humanos congelados produzidos pelas técnicas de fertilização in vitro aumentou cerca de 17% em 2017 em relação a 2016 no Brasil. No total, foram registrados 78.216 embriões congelados no país, de acordo com o 11º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio) da Anvisa. Esse crescimento talvez esteja ocorrendo devido a um quadro registrado pela última pesquisa Estatística do Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): as mulheres estão postergando a maternidade. Para ter uma ideia, houve um aumento do grupo de mães de 30 a 39 anos – de 22,5%, em 2005, para 30,8% em 2015. E são as mulheres acima dos 35 anos que recorreram à fertilização in vitro, que são o público-alvo da triagem genética pré-implantação, ou PGT-A, teste que a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein começou a oferecer.
O Einstein, por meio do laboratório Genomika-Einstein, é o primeiro hospital do país a disponibilizar o método que analisa a quantidade de material genético dentro de embriões gerados por fertilização in vitro. Esse material está alojado em estruturas chamadas cromossomos. Embriões com o número correto de cromossomos (também chamados de embriões euploides, ou seja, que contenham 46 cromossomos) apresentam chance maior de gravidez bem-sucedida.
Quando um embrião apresenta um ou mais cromossomos extras ou ausentes, essa condição é conhecida como aneuploidia. A maioria dos embriões aneuploides está associada a complicações importantes, como falha de implantação no útero, abortos espontâneos e defeitos congênitos. A aneuploidia ocorre em todas as faixas etárias, mas, em mulheres a partir dos 35 anos, a proporção de embriões aneuploides aumenta progressivamente. “A idade de um óvulo corresponde à da mulher”, explica Bruno Coprerski, responsável pelo teste no Laboratório de Genética Molecular e Bioinformática do Hospital Albert Einstein.
O PGT-A identifica os embriões com o número correto de cromossomos para possibilitar a escolha embrionária com a melhor chance de levar ao sucesso da fertilização in vitro. No final das contas, isso pode evitar o estresse de várias tentativas de implantar o embrião.
O PGT-A está indicado para:
• Mulheres com mais de 35 anos
• Mulheres que tiveram 1 ou mais abortos espontâneos de primeiro trimestre
• Casais com ciclos de fertilização in vitro sem sucesso
• Casais com uma gravidez anterior com anomalia cromossômica
• Casais que apresentam infertilidade pelo fator masculino (parceiro infértil)
• Casais que querem reduzir a chance de ter gêmeos ou outros nascimentos múltiplos
Como o exame é feito
O método PGT-A através da técnica de NGS (diagnóstico pré-implantacional baseado na plataforma de sequenciamento de próxima geração) utiliza as técnicas mais atualizadas de sequenciamento do genoma humano (leitura de informações genéticas) para avaliar os cromossomos dos embriões e abre novas possibilidades de diagnóstico. Ele é usado como etapa complementar da fertilização in vitro e fornece informações abrangentes sobre a constituição cromossômica do(s) embrião (ões), permitindo que somente os embriões cromossomicamente normais sejam implantados. Esse teste é uma importante ferramenta de auxílio para casais que estão expostos a um risco aumentado de anomalias cromossômicas no feto.
O NGS permite:
• Testar todos os 24 cromossomos (cromossomos 1 a 22, cromossomos X e Y) simultaneamente com uma precisão sem precedentes;
• Segurança do embrião, reduzindo o número de biópsias para o diagnóstico;
• Geralmente, apenas uma biópsia de embrião é suficiente para obter um resultado confiável.
• No PGT-A, cada amostra recebe um código molecular adicional, eliminando a possibilidade de qualquer erro desde o momento da coleta do material do embrião. Além disso, a credibilidade do teste é reforçada por uma conexão direta da leitura do DNA com as informações obtidas.
• O sequenciamento de DNA é o método de referência principalmente devido à natureza direta da leitura do material genético. Outros métodos (FISH e microarrays) usam marcadores indiretos para testar o material genético.