Nos últimos dez anos, o número de embriões congelados cresceu 255% no Brasil. Os dados são do Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), coletados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e analisados pela Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). Segundo o levantamento, o quantitativo saltou de 32.181 congelamentos em 2012 para 114.372 no último ano. Entre as regiões que apresentaram maior aumento no período está o Sudeste, que saltou de 22.097 para 79.050 embriões, alta de 257,7%.
De acordo com o ginecologista e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Dr. Carlos Gilberto Almodin, a alta no número de embriões congelados é fruto do aumento dos ciclos de fertilizações realizados. “Houve um aumento de 32% de ciclos realizados em relação a 2021. Parte desta estatística foi realizada ainda quando não haviam as orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM) de não produzirmos mais que 8 embriões em um ciclo de fertilização”, pontuou o especialista.
O relatório traz ainda que dos mais de 114 mil embriões congelados no último ano, mais da metade está em São Paulo, tornando o estado o maior congelador de embriões do país, com um total de 60,2 mil. O estado paulista é seguido pelo Rio de Janeiro (9.215), Minas Gerais (8.265) e o Rio Grande do Sul (7.802). Paralelamente a este dado, São Paulo também é o que possui o maior número de Centros de Reprodução Humana Assistida (CRHA’s) no Brasil, com 61.
Para Almodin, o relatório aponta também uma evolução que a área de Reprodução Assistida (RA) apresentou nos últimos anos. “O maior avanço que temos visto recentemente é sem dúvida a preservação de oócitos (células sexuais produzidas no ovário). Hoje, nós sabemos que se fertilizamos em torno de 10 oócitos por paciente com taxa de fertilização de 79% conforme os dados, teremos menos de 8 embriões. Isto aumenta o número de oócitos criopreservados, os quais nos preservam dos aspectos éticos e morais e poderão fomentar a doação de oócitos”, disse.
Congelamento de embriões
Um dos principais procedimentos da reprodução assistida, o congelamento de embriões é feito a partir do quinto ou sexto dia de evolução do embrião, sendo considerado como dia zero o dia em que se realiza a junção do espermatozóide com o óvulo. Ele é colocado em um material de cultura, que o permite manter-se apto após o congelamento. Com uma menor temperatura, é a hora de realizar o congelamento: O procedimento é feito por meio do banho dos embriões em nitrogênio líquido. Nisso, os embriões são conservados até que os responsáveis decidam pela sua utilização.
Encontro reúne em São Paulo (SP) especialistas de diversos lugares do mundo para debater reprodução assistida
O congelamento de óvulos e de embriões é um dos temas que serão abordados no 26º Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida (CBRA 2022), que será realizado pela SBRA entre os dias 31 de agosto a 3 de setembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo (SP). Com o tema “Reprodução Assistida Além da Infertilidade”, o evento conta com uma programação com ênfase na medicina reprodutiva contemporânea, atenta aos avanços científico-tecnológicos. O evento conta com mais de 20 palestrantes de diversos países, como Estados Unidos, Japão, Espanha, Portugal, Argentina, Alemanha, entre outros.
Este ano, o evento é presidido pelo especialista em reprodução humana assistida, Dr. Edson Borges Jr., que explica que o 26º CBRA é um espaço propício à continuidade das discussões, debates e troca de experiências mais recentes da comunidade médica. “Contaremos com uma programação elaborada de forma especial pelo Comitê Científico, com ênfase na Medicina Reprodutiva contemporânea, atenta aos avanços científico-tecnológicos que causaram transformações em todas as esferas da sociedade humana”, assegura.
Esta edição também marca o retorno dos encontros presenciais. A expectativa é de que muitas novidades e grandes avanços na área sejam discutidos durante todos os dias de programação. “A Reprodução Assistida oferece soluções para a infertilidade e para outros espectros, com possibilidades terapêuticas também voltadas a pessoas férteis, o que se reflete em uma busca da saúde reprodutiva de forma ampla, atenta às aflições e desejos, com benefícios à singularidade de cada ser humano”, frisa o presidente do 26º CBRA.
Fonte: Associação Brasileira de Reprodução Assistida – SBRA